Bric-a-brac avulso e bugigangas de uma feira de velharias deve ser das poucas coisas que hoje em dia se pode comprar com um euro. Em muitos sítios até um café já custa mais que isso. A moeda bicolor não chega para comprar um jornal diário, está as mais das vezes remetida a facilitar trocos.

Das moedas mais pequenas, então, nem se fala: 50 cêntimos? 20 cêntimos? 10 cêntimos? 5  cêntimos? Todas elas são material para facilitar contas ou para arredondar as gorjetas e esvaziar o peso do porta-moedas.

Mas há ainda menos: para que serve um cêntimo ou dois? Por estes dias fiquei estarrecido: o ano passado Portugal importou 26 milhões de moedas de um cêntimo e 34 milhões de dois cêntimos. São 60 milhões de moedas. Se fizermos a conta por alto, cada português levou com dez moedas destas cujo valor real é das coisas mais difíceis de explicar a alguém.

Quando eu era miúdo havia na aldeia dos meus pais e avós, na loja do Senhor Pereira, rebuçados de tostão. Era uma coisa importante. Com cinco tostões trazia-se, negociando, meia dúzia de rebuçados para degustar à sombra de uma qualquer árvore, contribuindo para, anos depois, proporcionar a prosperidade a um dentista onde havíamos de aterrar.

E hoje em dia? Há rebuçados de cêntimo? Ou, vá, de dois cêntimos? Qualquer coisa custa mais do que isso. Os ambientalistas já pensaram nos combustíveis fósseis necessários para transportar 60 milhões destas moedas? E já nem falo do processo de fabrico, que também há-de ser alguma coisa poluente.

Antes do Euro, olhávamos para uma nota de 20 escudos e dizíamos tens aí 20 paus”? Uma nota de 20 escudos é hoje o mesmo que uma moeda de 10 cêntimos, já pensaram bem nisto? Ou seja vinte escudos, que era coisa que pagava umas imperiais, agora não dá para comprar quase nada.