
Carlos Abade, presidente do Turismo de Portugal, defendeu esta segunda-feira, em Beja, que o turismo deve ser entendido como «uma ferramenta de transformação da qualidade de vida das pessoas» e não apenas como um fim em si mesmo. As declarações foram feitas durante a cerimónia de tomada de posse dos novos órgãos sociais da Agência Regional de Promoção Turística do Alentejo (ARPTA), presidida por José Manuel Santos.
Para o responsável nacional pelo setor, o momento é de balanço, mas sobretudo de reorientação estratégica. «2024 foi um ano particularmente positivo para o turismo. Recuperámos tudo o que tínhamos perdido nos anos da pandemia e antecipámos em 13 anos os objetivos inicialmente traçados para 2027, atingindo mais de 27 mil milhões de euros em receitas turísticas», afirmou.
Apesar do crescimento, Carlos Abade frisou que o país entra agora num novo ciclo, que exige reflexão e planeamento. «Atingimos as metas mais cedo do que o previsto e isso obriga-nos a pensar nos próximos passos. O caminho tem de ser diferente», disse.
Turismo com valor para todos
Nas declarações prestadas a’ODigital.pt, Carlos Abade reforçou a necessidade de construir um turismo com valor — «não apenas valor económico, mas valor para todos». «Temos de criar propostas cada vez mais autênticas, genuínas e diferenciadoras. Só assim conseguiremos atrair quem procura em Portugal o seu momento de felicidade», referiu.
Sublinhou ainda a importância de valorizar os profissionais do setor. «Se queremos ter um turismo de excelência, temos de garantir um serviço de excelência. E isso só é possível com recursos humanos qualificados e valorizados», afirmou.
Segundo o presidente do Turismo de Portugal, o objetivo final do setor deve ser claro: «Criar melhores condições de vida para quem cá vive. O turismo pode e deve ser um instrumento ao serviço das pessoas.»
Desafios futuros e novos mercados
Carlos Abade destacou também os desafios que se colocam à competitividade dos territórios, como a mobilidade, as infraestruturas e a gestão inteligente do território. «Temos de reforçar o compromisso com as comunidades e trabalhar para fortalecer as empresas. Uma economia maior e mais robusta será sempre melhor para o setor do turismo», declarou.
Em relação aos mercados internacionais, alertou para mudanças estruturais nas próximas décadas. «Até 2040, países como a Arábia Saudita, México, Brasil e Paquistão vão entrar no top 15 dos destinos turísticos mundiais. É essencial que Portugal se prepare para esta nova realidade.»
Nesse contexto, defendeu o uso de novas ferramentas tecnológicas. «Temos de saber usar a tecnologia e a inteligência artificial para captar o mercado mais valioso e com maior valor acrescentado para o país.»
Parceria com as regiões é para continuar
Carlos Abade elogiou a relação com as agências regionais de promoção turística, como a ARPTA, considerando-a «uma relação virtuosa e com bons resultados». «Temos vindo a reforçar as verbas para a promoção externa, porque acreditamos convictamente que o modelo de parceria entre promoção nacional e promoção regional é o modelo certo. É para continuar e reforçar», garantiu.
Dirigindo-se diretamente a José Manuel Santos e à nova equipa da ARPTA, deixou palavras de confiança: «Sei que vão dar 100% de compromisso, dedicação e empenho. Portugal e os portugueses não esperam menos do que isso.»