
O universo tauromáquico português é palco de uma controvérsia que não deixa ninguém indiferente. O nome de Ricardo Chibanga, figura histórica do toureio nacional e internacional, está no centro de uma disputa depois de um jovem toureiro da Escola de Toureio e Tauromaquia da Moita ter começado a ser apresentado nos cartéis como “Chibanga”, sem qualquer ligação familiar ou autorização da família do mestre moçambicano.
Ricardo Chibanga, natural de Moçambique e personalidade marcante que residiu grande parte da sua vida na Golegã, deixou um legado inigualável até à sua morte, em abril de 2019. O seu apelido, sinónimo de respeito e pioneirismo na tauromaquia, tornou-se agora alvo de apropriação indevida, segundo denúncia a própria família.
O caso ganhou visibilidade depois de, durante uma lide na Moita, no início deste ano, o jovem toureiro Eduardo Simon Bullugu, aluno da escola liderada por Joaquim Ribeiro “Cuqui”, ter sido aclamado pelo público como “Chibanga”. A alcunha rapidamente ganhou dimensão e começou a ser utilizada em cartazes e anúncios de eventos taurinos, sem qualquer consulta ou permissão da família do histórico toureiro.
A situação foi recebida com profunda indignação por Anete Chibanga, filha do toureiro, que já exigiu publicamente respeito pelo nome e pela história do pai. “O nome do meu pai pertence à nossa família e não foi dada qualquer autorização legal para que terceiros possam utilizar o seu nome ou algum parecido, como forma de se promoverem ou publicitarem, seja em que contexto for”, esclarece.
Eduardo Simon Bullugu, também de origens africanas, estreou-se em praça em setembro de 2024 na tradicional novilhada da feira da Moita. A utilização do nome Chibanga foi, desde então, assumida nos meios de promoção e cartazes de eventos, elevando a contestação.
A memória de Ricardo Chibanga, não só no Ribatejo mas também no panorama internacional, mantém-se viva, sendo amplamente reconhecida a sua importância para a cultura tauromáquica. A família defende que o respeito pelo legado do toureiro não pode ser posto em causa por iniciativas que visam capitalizar a notoriedade de um nome com décadas de história e simbolismo para o sector.
O caso provoca debate dentro e fora do mundo taurino, com vozes a apelar ao respeito pela identidade e património das figuras que marcaram a tauromaquia em Portugal.