
A presidente do Conselho de Administração da Transtejo, Alexandra Ferreira de Carvalho, admitiu, em reunião com a Comissão de Utentes dos Transportes Públicos do Seixal (CUTS) no dia 11 de junho, que o navio eléctrico Cegonha Branca, o primeiro navio eléctrico da frota a entrar em funcionamento, «está oficialmente ‘avariado’», devido à colisão com outro navio elétrico na Doca 13, em Cacilhas.
Na reunião que serviu para apresentar os problemas que os utentes da ligação fluvial Seixal – Cais do Sodré enfrentam, a presidente do Conselho de Administração não deixou de fazer um reparo acerca de notícias divulgadas pela comunicação social sobre o actual estado da frota, e desmentiu que «esta seja composta integralmente por navios elétricos.
À data, encontram-se ao serviço dois navios a diesel (Sé e Castelo) e apenas uma embarcação elétrica (Flamingo Rosa ou Perna-Verde)», apesar de a CUTS ter referido que «cinco embarcações se encontram inoperacionais».
Alexandra Ferreira de Carvalho garantiu que «a renovação da frota com navios elétricos representa um projeto inovador» embora admitindo que este «enfrenta constrangimentos decorrentes da sua implementação incompleta».
A presidente admitiu também ter a empresa «herdado, em 2023, um passivo de 200 milhões de euros, o que tem condicionado severamente os investimentos, nomeadamente na reparação da frota a diesel e na contratação de pessoal técnico (marinheiros, eletricistas e mecânicos)».
À data, conforme a informação transmitida pela administração da Transtejo, já foram entregues à empresa o Cegonha Branca (recebido em março de 2023; encontra-se inoperacional desde acidente, aguardando reparação em estaleiro; o Garça Vermelha (recebido a 29 de janeiro de 2024); o Flamingo Rosa (recebido a 29 de janeiro de 2024); o Íbis Preto (recebido a 21 de abril de 2024); o Tarambola Dourada (recebido a 4 de junho de 2024); o Milhafre Preto (data de receção não indicada); o Perna-Verde (com chegada prevista para junho de 2025) e o Alvéolo (aguarda licença de navegabilidade).
Actualmente apenas três destes navios eléctricos se encontram na posse definitiva da empresa, estando os restantes em fase de testes.
Cada unidade exige um período experimental de um mês, seguido de certificação obrigatória, processo que pode demorar vários meses.
Nesta reunião a CUTS abordou também os contratos de manutenção por parte da empresa ABB Espanha, responsável exclusiva pela operação do sistema de navegação dos navios elétricos, tendo obtido como resposta que «os técnicos da Transtejo não têm acesso ao sistema, estando impedidos de realizar intervenções diretas.
Alguns erros de software são resolvidos remotamente pela ABB, mas a maioria das avarias carece de deslocação de técnicos ao local, sem prazos definidos de resposta, dada a ausência de cláusulas contratuais nesse sentido.»
A presidente do Conselho de Administração anunciou ainda «que está em preparação um novo contrato direto com a ABB, a celebrar até final de julho, que incluirá prazos de resposta (SLA) e penalizações por incumprimento. Reconheceu que o contrato atual é tecnicamente frágil, qualificando-o como ‘amador’».
Sobre o motivo da não realização de um contrato com a ABB Portugal, «que possui presença física e centros de contacto no território nacional. A administração não apresentou justificação concreta para esta escolha.»
Outra preocupação relacionada com este tipo de navios prende-se com a sua adequação ao estuário do Tejo, ao que Margarida Perdigão, explicou à CUTS que «todos os navios possuem certificação oficial de navegabilidade e segurança, emitida pela Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM); o caderno de encargos considerou as características específicas do rio Tejo, incluindo as correntes e a agitação marítima no inverno e que as embarcações estão certificadas para navegar com ventos até 40 nós (cerca de 74 km/h)».