A empresa Campos & Campos estão a ser alvo de uma investigação da Polícia Judiciária por suspeitas de fraude e desvio de fundos comunitários que podem ter lesado o estado em cerca de oito milhões de euros.

Esta terça-feira, a Polícia Judiciária realizou onze buscas domiciliárias e não domiciliárias no Porto, em Vila Nova de Famalicão, Matosinhos e Barcelos. Foram investigadas a empresa Campos e Campos e fornecedores. No decurso, foram apreendidas sete viaturas automóveis, um motociclo, um barco de recreio, bem como 170 máquinas de confeção de valor elevado que se encontravam em local fechado, «visando eventualmente a sua dissipação»; quatro imóveis e várias contas bancárias também foram arrestadas, através do Gabinete de Recuperação de Ativos (GRA) da PJ.

Na operação, estiveram envolvidos cerca de 40 inspetores da PJ, elementos do Gabinete de Recuperação de Ativos do Norte, peritos financeiros e informáticos, inspetores do fisco, um magistrado judicial e de 4 procuradores.

Segundo o Jornal de Notícias, a empresa concorreu, em 2015, a três projetos do programa Portugal 2020, para tornar a empresa mais competitiva. A investigação da PJ do Porto, tutelada pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal do Norte (DCIAP), suspeita que os milhões dos fundos europeus não foram utilizados para os fins destinados, pelo menos na totalidade. Haverá indícios de que parte das verbas foram parar à esfera pessoal dos administradores.

«Existem fortes indícios de que a empresa, a laborar na área da confeção, foi declarada insolvente em 2022, conduzindo ao despedimento de cerca de 200 trabalhadores. A partir dessa data, foi gerida de forma lesiva, apurando-se que, aquando da execução dos projetos, a sociedade encontrava-se em incumprimento à segurança social», adiantou a PJ.

Segundo um relatório, de julho de 2024, do administrador de insolvência encarregue do processo da Campos e Campos, a empresa está sob suspeita de ter iludido credores com sucessivos Planos Especiais de Revitalização (PER), além de ter dissipado bens e ativos da sociedade.

Contactado pela CIDADE HOJE, Miguel Campos, ex-piloto, que tem sido associado à empresa, garantiu que na altura dos factos que estão a ser investigados, não era administrador da Campos & Campos. Sem adiantar mais esclarecimentos, refere apenas que não comenta «falsas e graves acusações».