
O ex-ministro do PSD Ângelo Correia defende que a melhor forma de combater politicamente o Chega é integrando o partido na “órbita do poder”, o que, na sua opinião, o forçaria a enfrentar as responsabilidades da governação e a adaptar-se às exigências institucionais.
A declaração foi feita numa entrevista à SIC Notícias, onde o antigo governante social-democrata sublinhou que “normalizar o Chega é combatê-lo”.
“Eles são anti-sistema. Então vão para o poder para verem como vão mudar ou sofrer as consequências de isso ser o poder”, afirmou Ângelo Correia, acrescentando que esta abordagem poderia já ser tardia. “Acho que é tarde. Era há um ano.”
O ex-ministro analisou ainda os resultados das eleições legislativas de 2025, considerando que a Aliança Democrática (AD) alcançou “um resultado melhor do que se esperava”, mas que continua a ser “insuficiente” para garantir estabilidade governativa, a coligação liderada por Luís Montenegro venceu o sufrágio com 89 deputados, ficando aquém da maioria absoluta e forçando negociações parlamentares.
“Se o primeiro-ministro está a pensar que os partidos políticos vão, pura e simplesmente por patriotismo, abdicar do seu contrato eleitoral com o povo, está enganado”, advertiu Correia, apelando a uma leitura mais realista do cenário político e à construção de entendimentos com outras forças.
Nas eleições de domingo, PS e Chega empataram em número de deputados (58 cada), enquanto a Iniciativa Liberal manteve-se como quarta força política com nove lugares, o Livre reforçou a sua representação, passando de quatro para seis deputados.
A CDU perdeu um eleito e ficou com três lugares no Parlamento. Bloco de Esquerda e PAN mantêm-se com um deputado cada, e o JPP, da Madeira, conseguiu eleger um representante.
Os resultados finais estão ainda pendentes da contabilização dos votos dos emigrantes, que serão apurados na próxima quarta-feira, dia 28 de maio.