A cidade de Bragança foi palco da largada para uma aventura singular no panorama do mototurismo nacional, ao acolher a edição inaugural do Portugal de Lés-a-Lés Classic, um evento inteiramente dedicado a motos clássicas e antigas. Organizado pela Federação de Motociclismo de Portugal (FMP), este novo formato presta homenagem às máquinas de outros tempos, reunindo mais de uma centena de veículos que marcaram gerações, com anos de fabrico que vão de 1928 a 1995.

Mais do que um passeio, trata-se de uma viagem no tempo. Participantes de várias idades e origens — desde jovens de 18 anos a veteranos com mais de 80 — percorrerão estradas secundárias e trilhos esquecidos, cruzando paisagens intocadas do Parque Natural de Montesinho e visitando aldeias onde o tempo parece ter parado. Com 177 quilómetros na primeira etapa, a caravana ligará Bragança a Chaves, passando por Rio de Onor e Moimenta, terminando o dia com uma exposição de motos no Jardim das Termas, em Aquae Flaviae.

Entre os participantes destaca-se Beatriz Mendes, de apenas 18 anos, que se estreia no evento como pendura do pai, numa Honda NSR 125 de 1992. A jovem mostra-se entusiasmada e ansiosa por viver a experiência completa do evento. Já Luís Pinto trouxe de volta à estrada a sua Indian Scout de 1928, uma verdadeira relíquia que continua a demonstrar fiabilidade, mesmo prestes a completar um século de vida.

Nem todos os percursos foram simples: Daniel Paixão demorou quase oito horas a chegar de Coimbra a Bragança na sua Macal M70 de 1988, enfrentando desvios por vinhas durienses e estradas de terra, tudo por culpa de um GPS demasiado moderno para uma moto tão tradicional. Ainda assim, chegou pronto para mais quilómetros, mostrando que o verdadeiro espírito do Lés-a-Lés Classic reside na paixão pelas duas rodas — e pelo passado.