Bubacar Djaló falava, na sexta-feira, num encontro de oração ecuménica realizada na vila de Empada, no sul da Guiné-Bissau, e organizada pela igreja católica local.

Na presença do bispo de Bafatá, Pedro Zilli, e do líder da igreja evangélica de Empada, Antoninho Có, o presidente dos imames da Guiné-Bissau enfatizou o facto de a segunda volta das presidenciais ser disputada entre praticantes de duas religiões do país.

A segunda volta das presidenciais, marcada para dia 29, vai ser disputada entre Domingos Simões Pereira, que é católico, e Umaro Sissoco Embaló, muçulmano.

"Os dois candidatos representam duas religiões, mas têm a responsabilidade de manter o país unido e coeso. Neste momento o coração dos guineenses está dividido por causa do apoio aos dois candidatos", defendeu o imã Bubacar Djaló.

"Mas é da responsabilidade destes dois candidatos preservar duas coisas na sua ação de mobilização: Tolerância entre os guineenses e convivência religiosa", sublinhou o líder muçulmano.

Bubacar Djaló afirmou ainda que nesta altura da campanha eleitoral, a palavra dos líderes religiosos vale menos que a dos candidatos à Presidência da República, perante os seguidores.

"Posso dizer aqui mil palavras, mas a palavra de cada um desses candidatos tem mais força neste momento para os seus apoiantes, pelo que têm muita responsabilidade", observou o imã Djaló.

O clérigo muçulmano salientou que "nunca existiu problema entre as religiões" na Guiné-Bissau e que "não será desta vez que o país se vai dividir por causa da política", lembrando que vários Presidentes já passaram na testa do país desde a independência em 1973.

"Ninguém é mais importante que a Guiné-Bissau", observou o imã Djaló, exortando, por outro lado, os chefes religiosos a manterem-se afastadas do jogo político, ainda que não deixem de exercer o seu direito de voto enquanto cidadãos.

Em declarações hoje à Lusa, o organizador do encontro, o pároco de Empada, Mutna Tambá, indicou que a oração era para ter lugar nos primeiros dias do mês de janeiro, mas foi antecipada "dado o tom dos discursos" nos órgãos de comunicação social e nas redes sociais.

"Estamos preocupados com o nível inflamado dos debates por causa da campanha política para as presidenciais", observou padre Mutna Tambá.

A campanha eleitoral, que teve início na sexta-feira, vai decorrer até dia 27.

MB // VM

Lusa/Fim