"Pretendemos que o Presidente da República aceite a coligação como alternativa de Governo", disse à Lusa António da Conceição, secretário-geral do PD, um dos seis partidos que integra a nova coligação que é liderada por Xanana Gusmão (CNRT).

"Desde que avançámos para propor esta solução para resolver a crise, como agora, estou confiante que o encontro será positivo e vai dar esperança à população", afirmou.

No encontro de sexta-feira com o Presidente Francisco Guterres Lu-Olo participam os presidentes das seis forças políticas e António da Conceição, para "tomar notas", confirmou o próprio.

A nova coligação, liderada pelo Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), de Xanana Gusmão, integra 34 dos 65 deputados do parlamento nacional e foi construída na sequência da crise provocada pelo chumbo do Orçamento Geral do Estado timorense para 2020.

Além de contar com o apoio dos 21 deputados do CNRT, maior partido da atual coligação do Governo, a nova aliança inclui ainda os cinco deputados do Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO) e os cinco do Partido Democrático (PD).

Fazem ainda parte da nova coligação os três deputados dos partidos mais pequenos no parlamento, Partido Unidade e Desenvolvimento Democrático, Frente Mudança e União Democrática Timorense.

Numa primeira fase, explicou, a reunião servirá para apresentar a coligação, mas, caso o Presidente da República assim o solicite, a coligação "está em condições" de apresentar tanto o nome do primeiro-ministro indigitado como dos futuros membros do executivo.

"Já demos passos bastante adiantados a toda esta matéria, mas não vou adiantar dados para já", explicou.

Conceição reconhece que a questão dos nomes dos ministros pode ser um obstáculo, admitindo que a recusa do chefe de Estado em aceitar o elenco governativo pode "afetar" a coligação.

"Somos uma nova coligação nova, liderada por Xanana Gusmão e que pode avançar caso o Presidente da República considere que é uma coligação capaz de dar resposta à situação atual e às expectativas da população", afirmou.

Questionado sobre se o elenco inclui os nomes de ministros indigitados pelo atual primeiro-ministro, e a que o Presidente da República se recusou dar posse nos últimos dois anos, Conceição admitiu que alguns forma retirados.

"Está prevista a retirada de alguns dos nomes que foram um problema no atual Governo, mas nem todos eles foram afetados. Por isso há ainda nomes que estão incluídos. Mas tudo isto depende da aceitação da própria coligação como alternativa de Governo", explicou.

Conceição admitiu que, apesar da coligação já ter debatido a questão do candidato a primeiro-ministro, esta não é a questão prioritária, até porque "há primeiro que garantir que a coligação é aceite".

E ainda que o nome do futuro chefe do Governo esteja definido, há quem na coligação, explicou, continue a defender a abertura para o executivo a "individualidades de figuras importantes" de outras forças políticas que não integram a aliança.

"Por isso se marcou este primeiro encontro, esta audiência para formalizar a coligação. Tudo dependente do encontro de amanhã. Caso seja uma coligação reconhecida, haverá os outros procedimentos sobre o primeiro-ministro e a estrutura governativa", disse.

Timor-Leste vive há quase três anos uma crise política profunda que levou a eleições antecipadas em 2018 e que se acentuou com o chumbo da proposta de Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2020, o que marcou a morte da coligação do atual executivo.

Um dos principais fatores da crise tem sido a recusa do Presidente da República em dar posse a uma dezena de membros indigitados do atual Governo, a maioria do CNRT, que era o maior partido da coligação.

O primeiro-ministro Taur Matan Ruak  está demissionário desde 24 de fevereiro e o chefe de Estado ainda não anunciou se aceita ou não o pedido de demissão.

Hoje, depois do encontro semanal com o Presidente da República, Taur Matan Ruak congratulou a nova coligação, manifestando-se esperançado que isso ajude a resolver a situação do país que "precisa de um orçamento e de um programa" e não pode continuar a viver em duodécimos.

 

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