

No universo competitivo e imprevisível da UFC, poucos trajetos têm sido tão marcantes e estrategicamente bem trilhados como o de Ilia Topuria. O georgiano-espanhol não é apenas um novo campeão — é a personificação de uma nova geração de lutadores que alia técnica refinada, carisma, mentalidade vencedora e uma noção clara do seu lugar no combate. A vitória sobre Alexander Volkanovski, que lhe valeu o cinturão de pesos-pena, não foi um acaso. Foi, sim, o culminar de uma construção meticulosa de carreira, feita com inteligência desportiva e um sentido raro de oportunidade.
Topuria, invicto até ao momento, tem demonstrado uma evolução notável em todas as frentes. O grappler feroz que impressionou nas suas primeiras lutas deu lugar a um lutador completo, que agora dita ritmos com striking clínico, excelente leitura táctica e uma confiança que não roça a arrogância — é convicção, pura e dura.
A vitória sobre Alexander Volkanovski, seguida da defesa eficiente contra Max Holloway, já apontavam para um talento singular. Mas foi no UFC 317, a 28 de junho de 2025, que Topuria confirmou o patamar que ocupa hoje.
No evento em Las Vegas, Ilia Topuria subiu ao octógono para enfrentar Charles Oliveira — ex-campeão dos leves e detentor de inúmeros recordes históricos de finalizações. Em apenas 2 minutos e 27 segundos, Topuria impôs um K.O. devastador que lhe valeu o cinturão dos leves e, sobretudo, a entrada no seleto clube dos dois-division champions da UFC.
Mas o mais fascinante em Ilia Topuria não é apenas o que ele faz dentro do octógono. É o que representa fora dele. Carrega duas bandeiras — a da Geórgia e a de Espanha — com orgulho visível e tem sabido explorar essa dualidade cultural como parte da sua identidade pública. É carismático, mediaticamente eficaz e consciente do seu valor. Sabe falar, sabe promover, mas sobretudo, sabe ganhar.
Hoje, Ilia Topuria já não é uma promessa. É uma realidade consolidada e uma das figuras centrais da UFC. O patamar a que chegou coloca-o agora num novo tipo de desafio: o da manutenção e defesa do trono.
A partir daqui, o desafio é outro. É consolidar um legado. E, a julgar pelo que temos visto até agora, poucos parecem tão preparados para isso como ele.