"Há de acontecer no próximo ano de certeza absoluta. O que nós queremos, da parte da AMT [Autoridade da Mobilidade e dos Transportes], é que sejam céleres, um veículo facilitador, para que essa integração aconteça o mais rápido possível", disse hoje Nuno Araújo no dia de abertura do congresso da Associação dos Transitários de Portugal (APAT), que até sábado numa unidade hoteleira de Cascais, distrito de Lisboa.

O administrador do Porto de Leixões referiu que a duplicação da capacidade de movimentar contentores "não pode significar duplicar o número de camiões" que visitam a estrutura, estimados em cerca de 1.500 por dia.

"Achámos estranho como é que tínhamos um terminal ferroviário que parece que está dentro do Porto de Leixões, mas de facto não é operado por nós", referiu, falando no "desafio" colocado pela APDL ao Governo para que seja a administração portuária a "gerir esse terminal, criando soluções logísticas e retirando ineficiências".

Nuno Araújo ilustrou a situação atual dizendo que "um contentor que venha pela ferrovia, pelo terminal da IP, e que venha para a parte marítima, tinha que sair, entrar na área urbana e percorrer 18 quilómetros para entrar dentro do porto de Leixões, quando esse terminal está mesmo ao lado do terminal marítimo".

"Para a cadeia logística, para as empresas, para os operadores, isto não faz sentido nenhum, como é lógico", justificou, afirmando ainda que a estrutura ferroviária da IP, em Leixões, "está num enclave e não pode crescer", pelo que se se juntar "a ferrovia da IP com a ferrovia da APDL" é possível "duplicar a capacidade daquele terminal".

Segundo Nuno Araújo, também em termos da dimensão do comboio que pode entrar no Porto de Leixões há melhorias, já que "a IP recebe até 500 metros" e com a integração na APDL seria possível receber veículos com comprimento de 750 metros.

Nuno Araújo vê este incremento como um meio para "aumentar a capacidade de escoar", e também "olhar para o país" e perceber onde se pode "criar uma rede".

"Se o Porto de Leixões quer responder a um conjunto de empresas que não estão no litoral, estão no interior do país, próximas de Espanha ou mesmo em Espanha, temos que ter outro tipo de ferramentas", defendeu.

Assim, o administrador advogou a construção de "terminais rodoferroviários, ou os designados portos secos", como por exemplo na Guarda, "um dos locais privilegiados para ter um porto seco, um 'hub'" que concentre "uma parte significativa das cargas dessa zona do país", para "depois ir de ferrovia para o centro da Europa".

Com a construção da concordância da Mealhada, a linha do Norte ficará ligada diretamente à linha da Beira Alta, permitindo a ligação direta entre o Porto de Leixões e a Guarda sem efetuar paragem e manobras na Pampilhosa.

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