Segundo as estatísticas do mercado de trabalho divulgado pelo INE, no ano passado estima-se que o mercado de trabalho perdeu 19.718 empregos, com a taxa de desemprego a aumentar de 11,3% para 14,5% e o país a ter uma população desempregada estimada em 31.724 pessoas.

Estes dados do INE são ainda um pouco abaixo das previsões do Governo, que estimava uma taxa de desemprego até final de 2020 de quase 20%, motivada pelos efeitos da covid-19 no arquipélago, que contava com uma população de 555.839 habitantes.

Em 2020, os concelhos do Porto Novo, em Santo Antão, e de Santa Cruz, em Santiago, registaram as maiores taxas de desemprego do país, com 22,3% e 21,5%, respetivamente.

Seguem-se os concelhos do Sal (19,5%), São Domingos (18,6%) e Boa Vista (18%). Em sentido contrário, as menores taxas de desemprego foram registadas nos concelhos de Santa Catarina do Fogo (3,0%), São Filipe (4,1%) e Tarrafal Santiago (6,0%).

No ano passado, o INE constatou igualmente um aumento do desemprego jovem (15-24 anos), que foi de 32,5%, um aumento de 7,6 pontos percentuais face a 2019, e entre os jovens de 25 a 34 anos é de 18,6%, mais 5,3 pontos percentuais face ao ano homólogo.

O total de jovens dos 15 aos 35 anos sem emprego e fora do sistema de ensino ou formação é estimado em 77.480, representando 35,4%, em 2020, e regista um aumento de 34,5% (19.875) face a 2019.

Já a população inativa aumentou em 21.332 pessoas no ano passado, fixando em 193.735 pessoas, e, em consequência, a taxa de inatividade aumenta 4,4 pontos percentuais, passando de 42,6% em 2019 para 47% em 2020.

De acordo com os resultados do inquérito, no ano passado houve uma diminuição de 6,1% na população economicamente ativa (14.253), estimada em 218.351 pessoas disponíveis para o mercado de trabalho, representando uma taxa de atividade de 53%, valor inferior em 4,4 pontos percentuais face aos resultados de 2019 (57,4%).

Já a população empregada em Cabo Verde foi estimada em 186.627 pessoas, diminuindo 9,6% (19.718 pessoas) e a taxa de emprego/ocupação situou-se em 45,3%, diminuindo 5,7 pontos percentuais face a 2019 (50,9%).

As estatísticas do mercado de trabalho revelam ainda que a estrutura dos empregos por setor de atividade mantém-se, com o setor terciário a liderar e absorver a maioria dos empregos (65,6%), mas diminuiu 1,9 pontos percentuais o seu peso relativo face a 2019.

"O impacto negativo nos empregos do setor terciário deve-se essencialmente à perda de empregos nos ramos de atividade relacionados com alojamento e restauração, comércio e transporte", explicou o INE.

Segundo o instituto, as ilhas do Sal e da Boa Vista são mais afetadas pela pandemia, por serem as mais turísticas do arquipélago, que depois de um recorde de 819 mil turistas em 2019 teve uma queda superior a 60% em 2020 neste setor que garante 25% do Produto Interno Bruto (PIB).

Já o setor secundário, consequência da diminuição de empregos nos ramos de construção e indústria transformadora, registou uma diminuição de 6.616 empregos e do seu peso relativo em 1,3 pontos percentuais face a 2019, passando a absorver 37.642 empregos e representar 20,2% do total dos empregos no país.

Em sentido contrário, o setor primário registou um aumento de 3.145 empregos, e 2,8 pontos percentuais no peso relativo, passando de 10,9% em 2019 para 13,7% em 2020.

Já o setor empresarial privado continuou a absorver a grande maioria dos empregos (41,0%), estimando-se que 25,7% dos empregos são por conta própria.

Outro dado constatado pelo INE é que 51,6% dos empregos são informais e na sua maioria são trabalhadores por conta própria (46,6%) ou por conta de outrem no setor privado, mas que não beneficiam de proteção social.

Comparando com o ano de 2019, o INE concluiu que houve uma diminuição de 14.615 empregos informais, enquanto a população subempregada é estimada em 23.513 pessoas e a taxa de subemprego em 12,6%.

No ano de 2020 em que começou a pandemia da covid-19 em Cabo Verde, o INE sublinhou que teve também limitação interna na produção das estatísticas oficiais, mas tem vindo a assegurar os compromissos assumidos e continuará a manter o calendário estatístico atualizado.

Apesar de tudo, garantiu que os agregados familiares têm vindo a colaborar, esperando que o mesmo aconteça durante a recolha de dados para o quinto Recenseamento Geral da População e Habitação (RGPH-2020), que arranca em junho.

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