"O Índice de Preços ao Consumidor de maio quebrou a barreira de 8,7%" que o banco tinha previsto, chegando a 9,31% face a maio de 2021, pelo que a previsão de inflação para 2022 "foi revista em alta para 11,7%" em relação aos 9,4% indicados semanas antes, justifica.

"A inflação reflete os custos mais elevados dos alimentos importados e dos combustíveis, agravados pelo conflito Rússia-Ucrânia", refere-se no documento, salientando que tanto os alimentos como os transportes estão cerca de 13% mais caros que no ano anterior - só o preço dos combustíveis já aumentou 33%, destaca o banco.

O Standard prevê que os preços da gasolina e do gasóleo tenham de subir "mais 14,6% e 16,7%, respetivamente, para ficarem ao nível dos preços praticados do outro lado da fronteira, na África do Sul".

O preço em Moçambique tem sido administrado pelo Governo e "não reflete totalmente os custos de importação, implicando perdas para os postos de revenda". 

"Com mais de 1.000 camiões a atravessar diariamente a fronteira com África do Sul, isto também implica um subsídio transfronteiriço de combustível, uma vez que os pesados reabastecem em Moçambique", lê-se no documento.

Com mais inflação e menos investimento estrangeiro, o Standard reduziu também a previsão do crescimento da economia em 2022 de 3,4% para 3,3% - face a 2,3% em 2021.

O banco alerta ainda para o risco de novos aumentos de taxas pelo banco central (para controlar a inflação), no âmbito da política monetária, poderem elevar o crédito malparado para níveis insustentáveis pelas "instituições financeiras mais pequenas ou mais frágeis".

O Standard Bank prevê que os aumentos da taxa de política monetária (taxa MIMO) totalizem até 300 pontos base no final do ano, ou seja, dos atuais 15,25% até um máximo de 18,25%.

Na sua mais recente nota de análise, o banco refere ainda que o projeto de gás liderado pela Totalenergies em Cabo Delgado já não deve arrancar este ano, como algumas previsões chegaram a apontar, empurrando essa possibilidade para 2023, "desde que a segurança na região o permita".

Os mais recentes ataques de rebeldes na província nortenha de Moçambique justificam a atualização do cenário.

O megaprojeto foi suspenso há um ano devido a um ataque armado contra a vila de Palma - base de parte das empresas construtoras, junto aos estaleiros e zona de obras - e nele residem muitas esperanças do país para dinamização da economia.

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