"Estávamos à espera de uma contração perto de 10% no segundo trimestre face ao período homólogo, muito pior que a estimativa preliminar de 3,3%, principalmente porque as indústrias da construção e da agricultura aguentaram-se melhor que o previsto face ao confinamento motivado pela pandemia de covid-19", lê-se numa análise aos números divulgados na terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) de Moçambique, que mostram o pior trimestre desde pelo menos 2007.

Assim, continuam os analistas, "a previsão atual de uma contração de 2,8% em 2020 deverá ser revista em alta, mas os números do segundo trimestre podem ser anulados se a recuperação não for tão fácil como o anteriormente previsto".

Na análise, enviada aos clientes e a que a Lusa teve acesso, os analistas alertam que "a contínua ausência de exportações de carvão vai ser uma grande perda para a economia, já que estas exportações representam cerca de 30% do total", mas apontam, por outro lado, que o empenho do Governo no programa que pretende alargar o fornecimento de energia sustentam de forma favorável o crescimento económico.

Para a Oxford Economics, "o relaxamento de algumas restrições relacionadas com a covid-19 desde julho deve também melhorar a atividade no setor dos serviços, apesar de a indústria dos hotéis e restaurantes não dever conseguir ter uma recuperação este ano por causa não só da falta de turismo internacional, mas também devido aos receios de ataques terroristas na província de Cabo Delgado".

A economia de Moçambique contraiu-se 3,25% no segundo trimestre face ao mesmo período do ano passado, tendo piorado o crescimento de 1,68% registado no primeiro trimestre, segundo o INE.

"O desempenho negativo da atividade económica no segundo trimestre de 2020 é atribuído em primeiro lugar ao setor terciário que decresceu em 4,06%, com maior destaque para o ramo de Hotelaria e Restauração com uma variação de menos 35,84%", lê-se na nota disponível no 'site' do INE moçambicano.

Segundo a nota, seguem-se o "ramo do Comércio e Serviços de Reparação com menos 5,69% e Transportes e Comunicação com cerca de menos 4,68%".

Nas razões da queda do Produto Interno Bruto (PIB) "ocupa a segunda posição o setor primário com uma variação de menos 2,65% induzido pelo ramo da Indústria Extrativa com menos de 25,55% seguido pelo ramo da Pesca com menos 1,83%", acrescenta-se na nota.

"Entretanto a agricultura teve um variação positiva de 3,53%", referiu ainda o INE.

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