O processo de privatização do BFA (Banco de Fomento Angola) está “a caminhar bem”, estando o processo de “reestruturação na sua fase final”, assinalou, esta Segunda-feira, Odair Costa, CEO do BFA Capital Markets, durante a sua participação na terceira edição da conferência Doing Bussiness Angola 2025, que decorre durante o dia em Lisboa.

Uma operação que será de 200 milhões de dólares, “ou um pouco mais”, frisou o responsável no evento organizado pelo Jornal Económico e Forbes África Lusófona.

“Como é sabido, é uma operação de 29,75% do capital social do BFA. Esta euforia é justificada, porque estamos a falar de um activo extremamente interessante. Estamos a falar do segundo maior banco de Angola em termos de activos, um banco que, consistentemente, tem retornos muito elevados”, disse o CEO do BFA Capital Markets, recordando que, apesar de não ser o maior banco, o BFA teve o ano passado o maior resultado líquido da banca no país. “Temos aqui um activo muito interessante para investir”.

Odair Costa, que participava num painel sob o mote “Financiamento e investimento na economia angolana”, sinalizou acreditar que, “no muito curto prazo, início do segundo semestre”, a operação de privatização do BFA estará “disponível para que os investidores possam subscrever”.

O responsável salientou também as características da operação em curso que a “torna ainda mais interessante”. É que, para além da “qualidade do activo e da sua dimensão que permite a entrada de investidores não residentes (normalmente tem um ticket mínimo de investimento mais alto)”, a presença do Estado angolano, por via da operadora de telecomunicações UNITEL, e do BPI, um banco que está em Angola há muito tempo, “dá confiança ao mercado”.

“O Estado angolano vai alienar 15%, desses 15%, 1% será reservado para os trabalhadores do banco, estou bastante contente, vou participar certamente, e do lado do BPI serão 14,75%, reservando também 1% para os trabalhadores. Acredito que a breve prazo, no curto prazo, a operação sairá para o mercado, estará disponível e será uma oportunidade para todos os investidores angolanos e estrangeiros”, revelou o CEO do BFA Capital Markets.

Depois de anunciada em Março do ano passado, o Estado angolano oficializou a privatização de 15% da sua participação, maioritária, no BFA, através de uma Oferta Pública Inicial (IPO, na sigla inglesa) na bolsa angolana, segundo um despacho presidencial.

A privatização parcial das acções que o Estado angolano detém no BFA ocorre no contexto e seguindo o cronograma do Programa de Privatizações (ProPriv 2023-2026), refere o despacho assinado pelo Presidente angolano. Estas acções devem ser vendidas através de uma operação na Bolsa de Dívida e Valores de Angola (Bodiva).

A privatização tem respaldo na Lei de Bases das Privatizações, refere-se no despacho assinado pelo Presidente João Lourenço, que delega à ministra das Finanças o seguimento do processo.

O Estado angolano detém, indirectamente, 51,9% das acções do BFA, através da operadora UNITEL, e o restante 48,1% do capital do banco pertence ao grupo português BPI, que já tentou anteriormente reduzir a sua participação neste banco angolano.

*Melissa Lopes