O Millennium BCP teve um lucro de 243,5 milhões de euros no primeiro trimestre de 2025, um aumento de 3,9%, algo que o seu CEO, Miguel Maya, considera um período “bem conseguido”. A atividade em Portugal foi responsável por 218,9 milhões deste resultado, uma subida de 7,6% face ao ano anterior. Olhando para a atividade na Polónia, o Bank Millennium teve um resultado de 42,8 milhões, “apesar dos encargos de 130,8 milhões associados à carteira de créditos hipotecários CHF (dos quais 98,1 milhões em provisões)”, avança o banco.

A margem financeira cresceu 3,6% para 721,1 milhões, contrariando a tendência europeia de contração desta fonte de receita, fruto da queda das taxas de juro diretoras por parte do Banco Central Europeu. O líder do banco caracteriza este comportamento da margem como “resiliente”. Já as comissões tiveram uma subida mais modesta, na ordem dos 2,1%, atingindo 201,4 milhões. Apesar do resultado positivo, o resultado operacional ‘core’ baixou 0,5%, mantendo-se “estável”, segundo Maya. O CEO destaca o desempenho do valor das ações do banco, que teve uma evolução positiva na ordem dos 78,2%, enquanto o STOXX Europe 600 cresceu apenas 36%.

Do lado das despesas, estas ascenderam a 339,7 milhões, uma evolução de 10,4%. As imparidades, por outro lado, caíram 15,4%, ao mesmo tempo que a despesa com impostos teve um incremento de 34,2% para 134,8 milhões. O rácio de eficiência do grupo subiu para 37,4%, mais dois pontos percentuais (pp) do que em março de 2024.

Em termos de recursos de clientes, o banco viu esta componente a subir 6,1% para 104,6 mil milhões de euros. Já o crédito a clientes sobe 2,2% para 58,1 mil milhões em relação ao período homólogo. O número de clientes ‘mobile’ cresceu 9%, com a base de clientes ativos a superar os sete milhões. Os clientes ‘mobile’ já representam 72% da base de clientes à data de março de 2025.

Em termos de solvabilidade, o banco apresenta um rácio CET1 ‘fully implemented’ de 15,9%, uma ligeira redução de 0,1 pp em relação ao ano anterior. No que toca ao rácio de capital total, este está em 20%, menos 0,5 pp. O rácio de cobertura por liquidez fixou-se em 354%, acima de 299% um ano antes. O custo do risco caiu para 38 pontos base, menos 14 do que no mesmo mês de 2024.

O Millennium bim teve um resultado líquido de 3,7 milhões de euros, uma redução de 84,3% face a 2024, prejudicado pelo contexto político de Moçambique. O ‘rating’ atribuído à dívida moçambicana foi afetado, o que obrigou o banco a aumentar as suas provisões, explica Miguel Maya. Apesar disto, os recursos dos clientes aumentaram 6,9% e o crédito bruto a clientes subiu 2,1%. Miguel Maya afirma estar “otimista” em relação à situação e ao negócio no país.

Questionado sobre a relevância do banco na Polónia, Miguel Maya deixa claro que o Bank Millenium “é um ativo estratégico”, bem como a presença em Moçambique. Em relação a outras presenças internacionais, nomeadamente em França e Angola, Maya considera que “fazem sentido” e tudo depende da geração de valor, mas sair das operações “não está em cima da mesa”.

Em Portugal, a instituição reduziu a sua presença. Tem agora menos duas agências do que há um ano, num total de 397, e menos 40 colaboradores.

Sobre um possível excesso de regulação, Miguel Maya considera que a regulação é “essencial” e “protege”, mas salienta a necessidade de simplificação e a criação de um ‘level playing field’ para todas as instituições que operam no país, referindo-se a ‘players’ que estão sediados noutros lugares, mas têm atividade em Portugal e podem não estar sujeitos às mesmas regras.

No que diz respeito à garantia pública, há mais de 1700 pedidos, que já resultaram em cerca de 20% do valor total atribuído ao BCP aprovado.

Sobre uma possível alteração em relação à posição do Novo Banco, Miguel Maya reforça que a linha de atuação do BCP incide sobre um crescimento orgânico. O foco está em criar valor, sublinha, adiantando que é comum analisar dados sobre qualquer banco. Sobre a possível aquisição por capital estrangeiro, Maya desvaloriza a situação, entendendo que não deixa de ser mais um concorrente.

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