Mais de 80% do capital social da banca moçambicana tinha origem no estrangeiro, no final de 2024, nomeadamente África do Sul e Portugal, segundo informação do Banco de Moçambique consultada pela Lusa.

No relatório anual de 2024, divulgado nesta quarta-feira, o banco central refere que o “peso dos capitais estrangeiros ascendeu a cerca de 83%”, equivalente a 46.121 milhões de meticais (611,5 milhões de euros), sendo o remanescente de origem moçambicana.

Em 2023, o mesmo relatório identificou que 82,6% do capital social dos mesmos 15 bancos que operavam em Moçambique era estrangeiro.

O relatório de 2024 refere que o “capital sul-africano manteve a sua posição dominante, com um uma proporção de cerca de 29,5%, seguido do capital português, com 25,3%”.

“Em temos individuais, o Banco Comercial e de Investimentos [grupo português Caixa Geral de Depósitos], manteve a posição com o maior capital social (18%), seguido do Moza Banco, com 13%, e do Absa Bank Moçambique, com cerca de 10% do capital do sistema bancário”, refere-se no documento.

No relatório aponta-se ainda o crescimento dos operadores de microcrédito em Moçambique, que passaram dos anteriores 2.304 para 2.818, permanecendo inalterado o número de bancos (15), de cooperativas de crédito (quatro), e de sociedades de investimento (uma), enquanto os microbancos passaram de 14 para 15 no último ano.

Lucros recuaram em 2024

Os lucros dos bancos moçambicanos recuaram 21,9% em 2024, para o equivalente a cerca de 900 mil euros por dia, segundo dados anteriores do Banco de Moçambique.

O banco central explica num relatório sobre a estabilidade financeira que a redução nos resultados líquidos da banca, que totalizaram 24 mil milhões de meticais (319,4 milhões de euros), resulta, por um lado, “do aumento dos custos operacionais, com destaque para os gastos com pessoal, em 7,88%”, mas também “da redução de outros resultados de exploração, refletindo o aumento das perdas por imparidade em 44,6%”.

Em 2023, o lucro dos bancos moçambicanos tinham crescido 8,12%, face ao ano anterior, recorda-se no documento, acrescentando que, no resultado de 2024, 64,63%, equivalente a 16,82 mil milhões de meticais (223,8 milhões de euros), correspondem a apenas três instituições de crédito domésticas classificadas como sistémicas.

São estas o Banco Comercial e de Investimentos (BCI), detido pela Caixa Geral de Depósitos, o banco sul-africano Standard Bank e o Banco Internacional de Moçambique (BIM), do grupo português BCP.

O rácio de crédito em incumprimento (rácio de NPL) da banca moçambicana “continua acima do limite convencionalmente aceite (5%), tendo-se fixado em 9,32%, após 8,23% em 2023”, enquanto o rácio de cobertura do NPL fixou-se em 60,29% em 2024, contra 66,02% em 2023, aponta o banco central.

“O setor bancário permanece rentável e com níveis adequados de capitalização, liquidez e rendibilidade, não obstante a redução da qualidade dos ativos”, indica-se no relatório, acrescentando que, em 2024, o rácio de solvabilidade global fixou-se em 26,11%, “acima do mínimo regulamentar de 12%”.

Agência Lusa

Editado por Jornal PT50