Segundo o documento, apesar dos lucros gerados por aquele banco - que foi liderado durante vários anos, até à resolução, pelo português ex-Banif -, os acionistas mantêm a opção de "não distribuir dividendos" no horizonte 2018-2022, para "potenciar a sua atividade", conforme "posição prudente e tendo em vista o reforço dos capitais próprios do banco".

O banco fechou as contas de 2022 com um resultado líquido superior a 519 milhões de escudos (4,7 milhões de euros), um aumento de 16,9% face aos lucros de 444,2 milhões de escudos (quatro milhões de euros) em 2021. Nesse ano, os lucros já tinham crescido 51% e no ano anterior mais quase 6%.

"O BCN é hoje o único Banco 100% nacional a operar em Cabo Verde. A nossa história tem a sua origem com a abertura, em fevereiro de 1996, de uma sucursal do Banco Totta & Açores de Portugal na cidade da Praia, ilha de Santiago", recorda o relatório e contas da instituição, que assinalou em 2022 os 25 anos de atividade.

"O ano que agora termina marcou o fim de um ciclo estratégico [2018-2022] cuja execução, muito bem conseguida, permitiu ao banco duplicar a sua dimensão [no crédito concedido, nos recursos de clientes e nos capitais próprios] e, por conseguinte, consolidar a sua posição no mercado financeiro cabo-verdiano, sendo, neste momento, o terceiro maior Banco cabo-verdiano", lê-se na mensagem do conselho de administração que consta do relatório e contas.

"A par do equilíbrio no balanço, o banco continua a apresentar uma elevada solidez, com um rácio de capital de 15,8%, continuando a apresentar níveis confortáveis de cobertura do crédito em incumprimento pelas imparidades, 86,1%, e um elevado nível de eficiência operacional com um rácio de eficiência de 42,6%", sublinha ainda o documento.

Adianta ainda que a administração começou também "a delinear um novo ciclo estratégico, para os próximos cinco anos".

"O novo Plano Estratégico, não obstante o contexto de elevado risco e de incertezas, foi elaborado tendo em vista um reposicionamento do banco no mercado financeiro cabo-verdiano, mantendo o foco em priorizar o que gera valor para o cliente e apostando em soluções que permitam inovar, ao mesmo tempo em que iremos apostar na transformação cultural e na introdução de um modelo de trabalho eficiente e no reforço da capacitação da nossa equipa. Esse reposicionamento irá permitir o atingir da nossa estratégia maior, a de ser o melhor banco comercial do país ancorado numa gestão prudente e sustentável", refere igualmente.

O BCN é liderado pela seguradora cabo-verdiana Ímpar, com uma quota de 86,76%, sendo participado ainda pela Cruz Vermelha de Cabo Verde (4,44%) e vários investidores privados (8,80%), num capital social total de 900 milhões de escudos (8,1 milhões de euros) em 31 de dezembro de 2022.

Com 181 trabalhadores e duas dezenas de agências no final de dezembro passado, o BCN fechou 2022 com uma carteira de crédito a clientes (bruta) superior a 22.794 milhões de escudos (206,8 milhões de euros), um aumento de 7,2% face a 2021, enquanto os recursos de clientes (essencialmente depósitos à ordem ou a prazo) cresceram 9,6%, para 25.839 milhões de escudos (234,5 milhões de euros).

Os capitais próprios do banco aumentaram 16% em 2022, para 3.727 milhões de escudos (33,8 milhões de euros), variação explicada pelos resultados líquidos do ano e pela não distribuição de dividendos relativos ao ano anterior.

O crédito em incumprimento no BCN passou de 8,3% do total concedido em 2020 para 5,5% em 2021, mas em 2022 aumentou para 6,8%, equivalente a mais de 1.467 milhões de escudos (13,3 milhões de euros).

No final de 2022 o ativo total do BCN ultrapassava os 33.300 milhões de escudos (302 milhões de euros), mais 15,1% face ao ano anterior, enquanto o passivo subiu 15%, para 29.572 milhões de escudos (268,2 milhões de euros).

A instituição registou um produto bancário superior a 1.430 milhões de escudos (12,9 milhões de euros), o que corresponde a um aumento de 11,6% face ao período homólogo de 2021, influenciado pelo desempenho da margem financeira.

PVJ // JH

Lusa/Fim