
Em declarações à Lusa no seguimento da decisão do Banco de Moçambique de prolongar a proibição de transação de divisas com outros bancos, o diretor do departamento de clientes empresariais do banco no país, João Guirengane, disse que o banco está a cooperar.
"Não discordamos do regulador, há reformas que até ultrapassam o Standard Bank como instituição financeira no nosso mercado que podemos melhorar para melhor servir o mercado e os nossos clientes", disse o responsável, acrescentando: "Estamos a trabalhar muito próximo com o Banco de Moçambique para introduzir reformas nos processos de pagamento ao estrangeiro, reformas sobre a rapidez com que partilhamos informação com o banco regulador. São algumas das medidas que estamos a tomar, mas vai muito para além disso, o que queremos é mesmo ser um banco de referência não só em Moçambique, mas a nível mundial".
Em causa está o prolongamento, anunciado na semana passada, por mais 12 meses, do impedimento de participar no mercado cambial interbancário, um ano após o Banco de Moçambique suspender a instituição neste tipo de operações por "infrações graves", na expressão do regulador.
"É a continuação de uma decisão antiga tomada pelo regulador em meados do ano passado; o regulador efetua avaliações adicionais e nas conversações reconheceram que houve melhorias do ponto de vista cambial, mas sentem que há espaço para implementar mudanças adicionais e, devido a esta perceção, o regulador estendeu uma restrição para o banco operar no mercado interbancário", disse João Guirengane, salientando que o banco continua a vender e comprar moeda aos clientes individuais e empresariais sem restrições.
Segundo o banco central, "a decisão decorre do facto de o banco central constatar, ao longo do acompanhamento que faz aquela instituição financeira, desde julho de 2021, evidências de graves irregularidades que ditaram o seu impedimento, em vigor nos últimos 12 meses, não obstante algumas melhorias".
Apesar de continuar suspenso do mercado cambial interbancário, o regulador esclarece que o banco comercial está autorizado a realizar atividades de conversão de moeda com o seu público, devendo usar a taxa de câmbio de referência publicada pelo Banco de Moçambique.
Numa reação oficial distribuída à comunicação social, o Standard Bank reitera que a decisão não impede a instituição de continuar a trabalhar com os seus clientes, acrescentando que continua em contacto com o regulador para resolver os problemas que persistem.
"O Standard Bank continua a trabalhar com o Banco de Moçambique para resolver todas as questões pendentes da auditoria de 2021, de forma a ser readmitido ao mercado cambial interbancário", indica o banco comercial.
A suspensão do Standard Bank do Mercado Cambial Interbancário foi anunciada em 23 de junho do ano passado e, no dia seguinte, o banco central moçambicano anunciou a abertura de três "processos de contravenção" contra aquela instituição bancária e dois dos seus colaboradores.
O banco comercial foi obrigado também a pagar uma multa de 290 milhões de meticais (quatro milhões de euros), após a constatação de "infrações graves" durante inspeções, com destaque para manipulação fraudulenta da taxa de câmbio.
Dados do banco central moçambicano divulgados em abril apontavam o Standard Bank como o terceiro na lista dos três bancos de importância sistémica em Moçambique, numa lista liderada pelo Banco Internacional de Moçambique (Millennium Bim) e em que o Banco Comercial e de Investimentos (BCI) está na segunda posição.
No rácio que mede a importância para o setor, rotulada com a sigla inglesa D-SIB, o Millennium Bim encabeça a lista com 251 pontos, seguindo-se o BCI com 228 e o Standard Bank com 139.
MBA (EYAC) // JH
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