Em comunicado, a Fitch Ratings explica que a decisão "reflete a opinião [da agência] de que a recuperação esperada no turismo do jogo irá apoiar o perfil de crédito do território, após a queda abrupta da atividade no ano passado e a recessão que a acompanhou".

"Macau tem finanças públicas e externas excecionalmente fortes, e um empenho demonstrado na prudência fiscal. Estes pontos fortes proporcionaram amortecedores significativos para mitigar o choque sem precedentes da pandemia do coronavírus e ancorar a estabilidade macroeconómica", pode ler-se na nota.

A agência apontou ainda que a economia de Macau "deverá recuperar 53% em 2021, após uma contração económica sem precedentes de 56,3% em 2020", uma previsão assente no "pressuposto da recuperação das receitas do jogo para cerca de metade dos níveis pré-pandemia".

A Fitch sublinhou, no entanto, que a previsão depende do alívio das restrições fronteiriças instauradas para combater a pandemia, que levaram a uma queda sem precedentes do turismo na capital mundial do jogo.

"Esperamos que as restrições mútuas de viagens transfronteiriças sejam ainda mais atenuadas nos próximos meses, à medida que o lançamento da vacina [contra a covid-19] for ganhando impulso no continente e em Macau", pode ler-se na nota.

"Uma potencial bolha de viagens sem quarentena com outros mercados, como Hong Kong, deverá também apoiar um regresso gradual dos visitantes que entram [em Macau]", acrescenta-se.

A agência internacional frisou, no entanto, que a incerteza em relação à recuperação de Macau "permanece elevada", afirmando que esta "dependerá de um progresso constante na contenção do vírus, na distribuição eficaz de vacinas e na evolução das políticas da China em relação a viagens e jogos de fortuna e azar transfronteiras".

Para a Fitch Ratings, as políticas da China condicionam a recuperação no território, recordando as recentes restrições às viagens durante o Ano Novo Chinês, "que impediram muitos turistas [da China continental] de visitar Macau".

A agência de notação financeira prevê ainda que o défice orçamental do território "irá diminuir para cerca de 5% do PIB em 2021, à medida que o turismo do jogo recupera gradualmente e as despesas são mantidas abaixo do orçamento".

"A força das finanças públicas permanece intacta, apesar de o território ter apresentado em 2020 o primeiro défice fiscal após a entrega [à China], equivalente a 22,2% do PIB", pode ler-se na nota.

"Macau tem um longo historial de prudência fiscal e continua a ser o único [território] soberano avaliado pela Fitch sem qualquer dívida governamental", acrescentou a agência.

A Fitch afirmou ainda esperar "que as autoridades aprofundem a sua cooperação na área da Grande Baía, através de melhores infra-estruturas e conectividade dos serviços financeiros", recordando que Macau planeia alargar a linha ferroviária "até ao posto de controlo fronteiriço de Hengqin até 2024, integrando o território na rede ferroviária de alta velocidade do continente [chinês]".

"As autoridades também tencionam intensificar os esforços para desenvolver a indústria financeira e impulsionar a colaboração sem fins lucrativos com a ilha de Hengqin", lembrou a agência, frisando que "a integração gradual" com a China continental "deverá facilitar alguma diversificação económica e estimular o emprego e as oportunidades de crescimento".

No entanto, a agência advertiu que a integração na China "pode também levar a uma convergência gradual dos padrões de governação com o continente [chinês], com mais baixa classificação".

Em comunicado, o executivo de Macau congratulou-se com o anúncio, recordando que o grau de notação AA corresponde "à detenção de uma capacidade financeira muito estável, com vista ao cumprimento dos compromissos financeiros, na medida em que não será fácil que a mesma seja significativamente afetada por circunstâncias previsíveis, sendo o risco de incumprimento dos contratos muito reduzido".

Considerada uma das regiões mais seguras do mundo em relação à pandemia de covid-19, Macau contabilizou apenas 49 casos desde que o novo coronavírus chegou ao território, no final de janeiro de 2020, não tendo registado até hoje nenhuma morte causada pela doença.

PTA // JH

Lusa/Fim