"A melhoria do 'rating' reflete a previsão de um robusto crescimento económico e forte desempenho orçamental, que deverá sustentar a consolidação orçamental e a queda da trajetória da dívida", escrevem os analistas da Fitch Ratings na nota que dá conta da melhoria do rating, de B- para B, ainda assim bem abaixo da recomendação de investimento, com perspetiva de evolução estável.

O contínuo desempenho positivo do setor do turismo, que vale cerca de um terço da economia de Cabo Verde, regressou aos níveis anteriores à pandemia de covid-19 em 2023, "o que vai sustentar quer a melhoria da atividade económica e das finanças externas, para além de um défice menor da balança corrente, quer os níveis adequados de reservas internacionais".

Para além do crescimento da economia, que a Fitch estima dever registar uma expansão de 4,7% neste e no próximo ano, abrandando ligeiramente face aos 5,1% de 2023, os analistas antecipam também que o consumo privado vá "beneficiar do forte desempenho do setor do turismo, já que representa à volta de 40% dos empregos, e da descida da inflação para cerca de 2% neste e no próximo ano, reduzindo-se face aos 3,7% de 2023".

Na análise às finanças de Cabo Verde, a Fitch Ratings estima ainda que a dívida pública, uma das mais elevadas de todo o continente africano, ainda que maioritariamente concessional, mantenha a trajetória descendente nos próximos anos.

"Prevemos que a dívida pública de Cabo Verde caia para cerca de 104% do PIB em 2025, depois de registar 115% em 2023 e 126% em 2022, o que compara com a média dos países com rating B, de 52%, refletindo uma combinação de um forte crescimento do PIB nominal e uma mudança para saldos primários orçamentais positivos", afirmam os analistas.

A forte vertente concessional da dívida deste país africano lusófono revela-se também no reduzido fardo da dívida, já que estes valores representam apenas 3% das receitas externas e 8% das receitas fiscais, ao contrário da maioria dos países africanos, em que este rácio ultrapassa os dois dígitos em ambos os casos.

"O rating de Cabo Verde é também sustentado por uma relativamente elevada percentagem de financiamento concessional e indicadores de governação mais fortes que os dos seus pares, mas estes fatores, ainda assim, são equilibrados por uma dívida pública muito elevada, grandes fragilidades desta dívida soberana e uma elevada dependência do turismo", conclui a Fitch Ratings.

Com esta melhoria, Cabo Verde passa a ser o país lusófono africano com melhor avaliação sobre a sua qualidade de crédito, já que a Fitch atribui uma nota de B- a Angola e de CCC+ a Moçambique, não classificando os outros (Guiné Equatorial, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe).

MBA // RBF

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