"É muitíssimo complicado", desabafou o líder empresarial cabo-verdiano, à saída da apresentação do tradicional cumprimento de Ano Novo ao Presidente da República, José Maria Neves, numa altura em que Cabo Verde regista valores recordes de novos casos diários de covid-19.
Marcos Rodrigues referiu que um empregado infetado com a covid-19 obriga a "uma série de problemas" dentro das empresas, já que muitos outros, mesmo não estando contaminados, não podem apresentar-se ao serviço por serem contactos diretos.
"Isto praticamente está a pôr a empresa num estado de pouca capacidade de laboração", referiu, sem precisar a percentagem de absentismo neste momento no país, mas notando que os números elevados de casos no país afetam transversalmente as empresas.
Cabo Verde confirmou esta semana a circulação da nova variante do novo coronavírus, a Ómicron, tendo neste momento um total de 47.376 casos positivos acumulados, dois quais 41.525 considerados recuperados da doença, 358 óbitos e há ainda 5.466 casos ativos.
Nas declarações aos jornalistas, Marcos Rodrigues abordou ainda a questão do 'lay-off', que terminou em 31 de dezembro, não defendendo abertamente a sua continuação, por causa da situação atual no país, mas dizendo apenas que os empresários vão dialogar com o Governo.
"Poderá ser uma solução (continuar), haverá outras soluções para poder mitigar a questão do 'lay-off' caso não haja condições para continuar", salientou o empresário, apostando primeiro na concertação com o Governo para se encontrar "um caminho que possa servir a todos".
O presidente da CCISS, que foi eleito em dezembro, substituindo Jorge Spencer Lima, disse ainda que abordou com o chefe de Estado outras preocupações do tecido empresarial cabo-verdiano, também decorrentes da pandemia de covid-19, bem como outros projetos em carteira para a estabilidade do tecido empresarial.
Entre essas questões, apontou a proteção do emprego e a nível fiscal, considerando que "penalizam fortemente" as empresas cabo-verdianas.
De qualquer forma, desejou que a atividade empresarial em Cabo Verde possa continuar a ser desenvolvida num "clima pacífico e estável".
A Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Sotavento, que abarca as ilhas do Maio, Santiago, Fogo e Brava, é a maior família empresarial de Cabo Verde, contando, atualmente, com mais de 460 associados.
É a entidade representativa da classe empresarial dessa região que representa o setor no diálogo com o Governo e com outros poderes públicos.
Cabo Verde tem ainda uma Câmara de Comércio de Barlavento, que engloba empresários das ilhas de Santo Antão, São Vicente, São Nicolau, Sal e Boa Vista.
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