A EDP chegou a acordo para vender à empresa Diamante Geração de Energia a participação de 20% que ainda tinha na Pecém Geração de Energia, empresa proprietária da central a carvão de Pecém, no Estado do Ceará. A transação acaba em definitivo com a exposição do grupo liderado por Miguel Stilwell de Andrade à produção termoelétrica a carvão no mercado brasileiro.

O acordo de venda prevê para a EDP uma contrapartida total de 0,2 mil milhões de reais (cerca de 30 milhões de euros), sujeita à obtenção de autorização regulatória e “outras condições habituais para uma operação desta natureza”, que a EDP não explicita no comunicado enviado esta segunda-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

“Após esta alienação, a EDP deixará de ter qualquer participação em Pecém”, refere o mesmo comunicado.

A EDP havia vendido 80% da termoelétrica brasileira em outubro de 2023 à empresa Mercúrio Asset, com uma opção de venda dos restantes 20% até 2027, mas acabou por se desfazer totalmente da sua exposição a Pecém mais cedo.

Nessa altura a central a carvão já tinha gerado imparidades superiores a 300 milhões de euros nas contas da EDP, refletindo, entre outros problemas, a falta de perspetivas de que Pecém conseguisse continuar a vender energia após 2027, quando termina o seu contrato de longo prazo de venda de eletricidade.

Esse contrato de longo prazo em Pecém foi conquistado em outubro de 2007, quando a EDP se aliou à MPX, do empresário brasileiro Eike Batista, para desenvolver a central a carvão no Ceará. O negócio teria uma margem bruta garantida e custos com combustível cobertos pelo sistema elétrico brasileiro.

Contudo, o desenvolvimento da central revelou vários atrasos, acabando por penalizar as contas da EDP, que a partir de 2013 deixou de contar com Eike Batista como parceiro, devido ao acumular de dívida do empresário brasileiro, que vendeu a sua posição em Pecém à E.On. No final de 2014 a EDP passou a deter a termoelétrica do Ceará a 100%.

Com a venda dos últimos 20%, a EDP desfaz-se da exposição ao carvão no Brasil, depois de em 2021 ter fechado a central a carvão que tinha em Sines, em Portugal. A elétrica portuguesa tem também projetos para acabar com a sua exposição ao carvão em Espanha.