Segundo o banco central, "os défices observados nas balanças de bens e de rendimento primário superaram os excedentes das balanças de serviços, rendimento secundário e de capital".

"Nos seis primeiros meses de 2021, o défice da balança comercial aumentou, em comparação com igual período do ano passado", refere o BdP, explicando que "a redução do défice da balança de bens (990 milhões de euros) foi inferior ao decréscimo do excedente da balança de serviços (1.239 milhões de euros)".

Segundo acrescenta, este decréscimo do excedente da balança de serviços "foi maioritariamente justificado pela diminuição do saldo da rubrica de viagens e turismo, no montante de 845 milhões de euros".

Em junho, as exportações de bens e serviços apresentaram uma variação homóloga de 26,3%, decorrente principalmente da evolução nos serviços (38,4%) e, em menor medida, nos bens (22%).

Ainda assim, as exportações de serviços não superaram as do mesmo mês em 2019, sendo que as importações de bens e serviços aumentaram 32,6% (31,6% nos bens e 37,8% nos serviços).

O BdP aponta um aumento do saldo das viagens e turismo em 252 milhões de euros, resultante de um crescimento de 117,3% nos créditos e de 63,4% nos débitos, "embora as exportações e as importações de viagens e turismo permaneçam bastante abaixo dos níveis pré-pandemia".

Nos primeiros seis meses do ano, o défice da balança de rendimento primário diminuiu 179 milhões de euros face ao período homólogo, para 1.772 milhões de euros, tendo esta redução do défice sido "justificada sobretudo pelo menor pagamento de juros ao exterior".

Por outro lado, o excedente da balança de rendimento secundário aumentou 743 milhões de euros, devido, principalmente, ao acréscimo dos fundos europeus recebidos sob a forma de cooperação internacional corrente.

Já o excedente da balança de capital diminuiu 176 milhões de euros, em consequência da redução das ajudas ao investimento recebidas da União Europeia, embora, em termos globais, se tenha verificado um aumento dos fundos europeus recebidos.

Até junho de 2021, o saldo da balança financeira registou uma diminuição dos ativos líquidos de Portugal face ao exterior de 233 milhões de euros.

Segundo o BdP, "este decréscimo deveu-se, sobretudo, ao aumento dos passivos do Banco de Portugal junto do Eurosistema, das empresas portuguesas face a não residentes e das administrações públicas, devido ao empréstimo obtido no âmbito do programa SURE, em maio.

Em sentido contrário, observou-se um aumento de ativos, através do investimento do setor financeiro em fundos de investimento não residentes e em títulos de dívida emitidos por entidades da União Monetária.

As estatísticas da balança de pagamentos serão atualizadas pelo BdP em 20 de setembro.

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