De acordo com dados do mais recente relatório estatístico do BCV, compilados hoje pela Lusa, os bancos comerciais que operam no país registavam no final do primeiro semestre de 2019 um 'stock' superior a 120.988 milhões de escudos (1.100 milhões de euros) de crédito à economia, o que representou então um recuo de 1,4% face ao início do ano.

No primeiro semestre de 2020, esse volume de crédito à economia cresceu 5,4% em termos homólogos - face a junho de 2019 -, para mais de 127.472 milhões de escudos (mais de 1.158 milhões de euros), aumentando assim em 6.485 milhões de escudos (59 milhões de euros) no espaço de um ano.

A taxa de juros diretora definida pela BCV estava há vários anos fixada em 1,5% ao ano, mas a instituição, como medida mitigadora das consequências da crise económica provocada pela covid-19, decidiu em abril reduzi-la para 0,25%.

As empresas cabo-verdianas afetadas pela crise económica provocada pela pandemia já usaram quase 75% das linhas de crédito lançadas em abril pelo Governo, equivalente a mais de 26 milhões de euros, segundo dados oficiais que a Lusa noticiou em 04 de setembro.

De acordo com o balanço do instituto público Pró-Empresa, responsável por gerir os apoios às empresas cabo-verdianas no âmbito da pandemia, foram aprovados desde abril, através de créditos com garantias do Estado, praticamente 360 pedidos, que ascendem a 2.890 milhões de escudos (26,2 milhões de euros).

Trata-se de quase 75% dos 4.000 milhões de escudos (36,2 milhões de euros) previstos ao abrigo destas linhas, disponibilizadas pelos bancos comerciais com aval do Estado.

No final de março, o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, anunciou um conjunto de medidas para "apoiar as empresas e aumentar a sua liquidez", nomeadamente a criação de quatro linhas de crédito e autorizadas garantias do Estado.

"Asseguram-se linhas de crédito suportadas pelo sistema bancário, no valor global até quatro milhões de contos [36,2 milhões de euros], com garantias do Estado que podem chegar aos 100% do financiamento, com carência de capital e de juros até seis meses e amortização em quatro a cinco anos", anunciou Ulisses Correia e Silva.

Dessas linhas, no âmbito do crédito às empresas, foram aprovados 355 créditos, no valor de mais de 2.884 milhões de escudos (26,1 milhões de euros), de um montante total disponível de 3.300 milhões de escudos (30 milhões de euros).

Acrescem 56,1 milhões de escudos (508 mil euros) pedidos ao abrigo da linha de garantia para compras públicas, que disponibiliza até 700 milhões de escudos (6,4 milhões de euros).

Em concreto, a primeira linha de financiamento, no valor de mil milhões de escudos (nove milhões de euros), destina-se às grandes empresas em todas as áreas de atividade, com garantia do Estado de até 50%.

A segunda linha de financiamento, no mesmo valor, destina-se a empresas nos setores do turismo, restauração, organização de eventos e setores conexos, agências de viagens, transportes, animação e similares, com garantia até 80%.

Para as pequenas e médias empresas foi lançada uma terceira linha de financiamento, igualmente de mil milhões de escudos, em todos os setores da atividade e com garantia do Estado até 100%.

Foi criada uma quarta linha de financiamento, de 300 milhões de escudos (2,7 milhões de euros), para microempresas, em todos os setores, com garantia até 100%, além de alocados 700 milhões de escudos para a linha de garantias para as micro, pequenas e médias empresas, destinada a suportar operações de compras públicas.

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