Numa nota da consultora, a Knighthood Global explica que foi "nomeada pelo Governo de Moçambique para ajudar a revitalizar" a LAM e "o setor da aviação em geral do país".

"O foco nos primeiros três meses será estabilizar e reposicionar a LAM", lê-se na nota, em que a consultora refere que irá trabalhar com os novos acionistas, as empresas públicas Hidroelétrica de Cahora Bassa (HCB), Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) e Empresa Moçambicana de Seguros (Emose), as quais "têm um mandato para adquirir as aeronaves apropriadas e restabelecer uma frota".

A consultora prevê a "transformação" da LAM e alinhar a companhia "em torno de uma única estratégia" para resolver os problemas da transportadora.

"Além disso, a conectividade certa apoiará o turismo em Moçambique e, principalmente, apoiará o desenvolvimento e o crescimento de outros setores importantes, incluindo a mineração, o petróleo e a agricultura", acrescenta-se.

Também a companhia moçambicana confirmou em comunicado a contratação da Knighthood Global, explicando que "terá a responsabilidade de assessorar na reestruturação da base financeira da LAM, prestar suporte estratégico na avaliação, seleção e fornecimento de aeronaves adequadas às necessidades operacionais", entre outras.

"Alinhando-a com os padrões do setor, reduzindo o nível de endividamento e fortalecendo o seu perfil de investimento", acrescenta a companhia.

Esta intervenção, explica, "visa responder a desafios estruturais que a companhia tem enfrentado, como a obsolescência de parte da frota, dificuldades financeiras recorrentes e a intensificação da concorrência no setor da aviação".

"O envolvimento e a colaboração de todos os trabalhadores da LAM e de todos os atores sociais relevantes será determinante para que (...) produza os resultados almejados", salienta a companhia de bandeira moçambicana.

O Instituto de Gestão das Participações do Estado (Igepe) moçambicano anunciou em 13 de maio o afastamento da administração da LAM e a nomeação de uma comissão de gestão que será presidida por Dane Kondic.

A decisão foi tomada em assembleia-geral extraordinária da LAM, no "âmbito do processo de revitalização" da companhia aérea estatal, avançando com "efeitos imediatos" a cessação de funções de Marcelino Gildo Alberto, até agora presidente do conselho de administração, e dos administradores Altino Xavier Mavile e Bruno Miranda.

Foi também aprovada a nomeação de um conselho de administração não executivo, composto por representantes das três empresas estatais que este ano passaram a ser acionistas da LAM, casos da HCB, CFM e Emose.

Foi ainda aprovada a nomeação de uma "comissão de gestão, subordinada ao conselho de administração não executivo, com funções executivas, encarregue de conduzir a gestão da empresa e garantir a continuidade das operações", e que será presidida pelo sérvio e australiano Dane Kondic, antigo diretor executivo da Air Serbia e ex-presidente do conselho de administração da portuguesa euroAtlantic.

O Governo confirmou este mês que vai avançar com uma auditoria forense às contas da LAM dos últimos dez anos e reestruturar a empresa, com cerca de 800 trabalhadores.

O Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, disse em 28 de abril que há "raposas e corruptos" dentro da LAM, com "conflitos de interesse" que impediram a restruturação da companhia em 100 dias.

"Uma das ações de impacto que tínhamos previsto para estes 100 dias era a aquisição de três aeronaves para a LAM. Entretanto, quando decidimos que teríamos disponíveis pelo menos três aeronaves antes de 100 dias, descobrimos que dentro da LAM fomos entregar raposas para cuidar de um galinheiro, ou gatos para cuidarem de ratos", disse o Presidente de Moçambique.

PVJ // JMC

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