A informação financeira dos cinco bancos que operam no país, referente ao terceiro trimestre do ano, e a que a Lusa teve acesso, mostra que em conjunto o BNCTL e o indonésio BRI representavam quase 70% de todo o mercado de crédito.

Em contraste, os dois bancos acumulam apenas 16,5 por cento do mercado de depósitos, valor que aumentou 7,5% nos primeiros nove meses do ano no caso do BCTL, mas caiu 3,8% no caso do BRI, no mesmo período, segundo a análise realizada pela Lusa.

Os dados mostram que só nos três meses entre julho e setembro o volume total de créditos concedidos pelo BNCTL cresceu 20,6%, com um aumento de 22,1% desde o início do ano, para um total de 108,9 milhões de dólares (92,2 milhões de euros)

Fontes do setor explicaram à Lusa que o aumento se deve, em particular, a uma nova campanha de crédito do BNCTL com empréstimos a cidadãos -- que tem vindo a ser promovida pelo Governo -, mas com taxas de esforço que chegam a ultrapassar os 50%.

Estes empréstimos do BNCTL estão associados a um seguro de risco fornecido por uma empresa timorense que se aplica em caso de acidente ou morte do mutuário, mas que tem como limite de idade os 65 anos.

Recorde-se que os responsáveis do BNCTL -- que se debate com problemas de liquidez - têm vindo a solicitar ao Governo um reforço de capitalização, com o executivo a inscrever no Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2020 um valor de cinco milhões de dólares (4,2 ME).

Para o OGE de 2021, o Governo prevê uma dotação adicional de capitalização do banco no valor de 50 milhões de dólares (42,7 milhões de euros).

Em termos globais, o volume total de créditos a clientes era no final de setembro de cerca de 241 milhões de dólares (204,2 milhões de euros), o que representa um aumento trimestral de 3,3%.

No caso do BNU -- banco que continua a ter quase 36% dos depósitos -, a entidade registou uma queda no balanço da carteira de crédito de 24,8% no trimestre entre julho e setembro, com uma descida acumulada de 21,1% desde o início do ano, para cerca de 29 milhões de dólares (24,6 milhões de euros).

Fonte da instituição portuguesa disse à Lusa que grande parte dessa descida trimestral se deve a uma operação de 'write-off' para depuração de créditos em incumprimento, no valor de cerca de 10,5 milhões de dólares (8,9 milhões de euros), que estava 100% aprovisionado pelo BNU.

A mesma fonte explicou que isso se reflete na redução significativa das provisões, que eram no final de junho de cerca de 11,4 milhões de dólares (9,7 milhões de euros), passando no final de setembro para apenas 970 mil dólares (822 mil euros).

Os dados trimestrais mostram que, em termos de depósitos, o BNU continua a ser o maior banco do país, com uma quota total de 35,9%, registando, porém, uma redução de 6,3% no volume de depósitos desde o início do ano, para quase 364 milhões de dólares (308,3 milhões de euros).

O indonésio Mandiri registava no final de setembro o segundo maior volume de depósitos de clientes (cerca de 33,4% do total do sistema), com o banco a ser o que regista o menor volume de créditos, de apenas 7% do total.

Em termos globais, os depósitos no sistema financeiro timorense caíram 0,1% no trimestre até setembro, face ao trimestre anterior, com uma redução de 2,3% desde o início do ano, para 1.014 milhões de dólares (859 milhões de euros).

 

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