"A crescente inflação tem deprimido a procura e a confiança dos consumidores e, se não for controlada, acabará com os ganhos económicos significativos obtidos nos últimos dois anos", argumentou o governador do banco central, John Mangudya, citado pela agência francesa de notícias, a France-Presse (AFP).

Na intervenção, o governador mostrou ainda "grande preocupação" pela duplicação da inflação nos últimos dois meses, para 191%, em parte devido aos impactos da invasão russa da Ucrânia, que levou vários bancos centrais a nível global a aumentarem as taxas de juros, mas sem comparação face à dimensão da subida no Zimbabué.

Em abril, a taxa de juro diretora já tinha sido aumentada de 60 para 80%, mas isso não foi suficiente para controlar a subida dos preços neste país africano cuja economia está em crise há 20 anos, tendo levado à saída dos doadores internacionais e a uma dívida pública insustentável.

A alta nos preços traz de volta memórias da hiperinflação que atingiu o país há uma década, quando o aumento dos preços saiu do controlo e o banco central emitiu uma nota de 100 mil milhões de dólares (cerca de 94 mil milhões de euros), que se tornou um item de coleção.

Desde então, o governo abandonou a moeda local e passou a considerar o dólar norte-americano e o rand sul-africano como moedas oficiais. Mas em 2019, o dólar do Zimbabué foi reintroduzido e rapidamente perdeu valor.

O Zimbabué, antigo celeiro da África Austral, luta há duas décadas com uma crise económica sem fim, nascida da expulsão forçada de agricultores brancos durante uma reforma agrária contestada e agravada pela corrupção generalizada.

MBA (EL) // RBF

Lusa/Fim