Numa altura em que a banca espanhola se prepara para realizar um teste-piloto à utilização do mecanismo de pagamentos fracionados, disponibilizando uma solução gratuita no último trimestre do ano, o Jornal PT50 quis saber de que forma os bancos portugueses encaram a tendência do BNPL- buy now, pay later (“compre agora e pague depois”), já presente em Portugal através de vários operadores, como é o caso da fintech sueca Klarna, que conta com 700 mil consumidores ativos e 6 mil marcas parceiras no país, da FLOA do BNP Paribas ou da solução Parcela Já oferecida pela UNICRE.

Para já os bancos estão atentos a este fenómeno mas refugiam-se nas ofertas tradicionais como os cartões de crédito para proporcionar aos seus clientes a possibilidade de fracionar os pagamentos. Esta solução não pode ser classificada com um verdadeiro BNPL. Na verdade o fracionamento de pagamentos na versão buy now, pay laternão tem encargos para o comprador, a não ser que este não cumpra o calendário de pagamentos estabelecido. O modelo deste tipo de negócio assenta num pagamento de comissão pelo comerciante ao fornecedor de BNPL.

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) “tem disponíveis soluções de pagamentos fracionados através de uma linha de crédito complementar associada aos cartões de crédito, que permite aos clientes fracionar compras, pagamentos de serviços e ao Estado ou adiantamentos de numerário a crédito, em várias prestações mensais”, disse ao Jornal PT50 fonte oficial do banco público. A mesma fonte acrescentou que “a Caixa já disponibiliza a modalidade de pagamentos fracionados sem juros em alguns parceiros com Terminais de Pagamento Automático da Caixa. Complementarmente, temos vindo a realizar algumas campanhas temáticas de âmbito mais alargado que contemplam opções de pagamentos fracionados sem juros”.

Já o Millennium BCP refere que o fracionamento de pagamentos está “disponível em todos os nossos cartões de crédito”. Fonte do banco adiantou ainda que “frequentemente temos ações promocionais que tornam este acesso gratuito. Atualmente, estamos a realizar uma campanha, durante estes meses de verão, em que oferecemos o buy now, pay later (BNPL) (designado no Millennium BCP como Pagamentos Fracionados) no prazo de 3 meses”.

Recorde-se que o banco liderado por Miguel Maya lançou, em março deste ano, um instrumento de pagamentos fracionadospagaFlex —, tendo como primeiro parceiro o Hospital da Luz. Esta solução pode ser utilizada por clientes e não clientes do Millennium BCP, para pagamentos a partir de 150 euros, que podem ser fracionados em prazos entre 3 e 84 meses (as opções disponíveis variam consoante o montante).

Já o Santander disponibiliza, nos seus cartões de crédito, a funcionalidade PagaSIMPLES, que permite aos clientes “fracionar compras em prestações mensais com condições vantajosas”. Fonte da instituição financeira explicou ao Jornal PT50 que “as compras são elegíveis a partir dos 100 euros e têm prazos de pagamento entre 3 e 36 meses, dependendo do valor. A criação do plano de pagamento pode ser feita no momento da compra (via TPA) ou posteriormente, através da app do Santander ou do NetBanco, com um limite de 10 planos ativos por cartão”. Para além disso, o Santander realiza campanhas promocionais — por exemplo, no verão ou durante as compras da Black Friday — em que oferece a taxa de juro nos primeiros três meses associados ao PagaSIMPLES.

O Jornal PT50 questionou também o Novo Banco e o Banco Montepio sobre as ofertas que dispõem no segmento dos pagamentos fracionados, mas até ao momento não foi possível obter resposta.

A estratégia da banca espanhola parece ser mais agressiva. O BBVA, Santander, CaixaBank, Sabadell e Unicaja preparam-se para lançar a funcionalidade “comprar agora, pagar depois” no último trimestre de 2025, também para clientes com cartões de crédito, mas com uma diferença fundamental: a opção será gratuita e será gerida através do Sistema de Tarjetas y Medios de Pago (STMP), a empresa que em Espanha gere o sistema de pagamentos com cartões.