Alioune Ndoye está de malas feitas e chega a Guimarães nas próximas horas. Será ele uma das principais referências ofensivas da equipa de Luís Pinto. A esperança para os golos. A contratação do possante senegalês, 23 anos, foi, de resto, confirmada por Nuno Leite, vice-presidente. «É uma questão burocrática. Está a chegar», disse. Pois bem, enquanto não se junta ao plantel, interessa saber afinal quem é este avançado com selo de golo? A BOLA foi procurar responder a esta questão e deparou-se com uma história (e um percurso...) no mínimo fora da caixa nos dias que correm.

Tudo começou em Rufisque, uma cidade pequena na região de Dakar (Senegal). Os primeiros pontapés foram no Teungueth FC, o clube local. «O meu pai foi jogador e depois presidente. Mas fui eu, o filho, que ganhei taças e que fui o goleador na formação. Todos os jornais falavam de mim», contava Ndoye ao Lematin, diário letão. Uma notoriedade que o levou a sonhar com testes em Espanha e França. Porém, ao contrário das melhores expectativas, acabou, aos 18 anos, no Valmiera, no norte da Letónia. Num contexto completamente diferente, no clima, na linguagem, no futebol. Sem ver o sol e com temperaturas abaixo de zero. «Nem sentia os pés», lembrou.

Contra todas as expectativas, Alioune Ndoye vingou. E transformou-se no homem gelo do Valmiera, sempre em crescimento e constante evolução, tendo como ponto alto o ano de 2024, que terminou com 22 golos em 32 jogos oficiais. Adaptação surpreendente de um jogador que precisou de cinco temporadas na Letónia (onde se chegou a sagrar campeão) para dar o salto na carreira. Numa mudança em janeiro deste ano para a liga suíça, também para o ‘fresco’ de Genebra, para representar o Servette. A desconfiança helvética levou a que a aposta passasse por um empréstimo do Valmiera.

OPORTUNIDADE DE MERCADO

Essa desconfiança acabaria por ser a ‘sorte’ do Vitória. Pois Alioune Ndoye voltaria a não falhar. E conquistou os adeptos suíços com golos. Seis tentos em 15 partidas em meia época. Com golos de belo efeito, fruto não só da sua capacidade técnica como física (1,91 metross). Os últimos meses retiraram dúvidas quanto ao potencial de Ndoye, porém, devido às dificuldades financeiras do clube helvético, surgiu o Vitória de Guimarães que, por sua vez, viu uma oportunidade de mercado num jogador jovem, de apenas 23 anos, com lastro de golos e uma capacidade de adaptação fora do comum.

Guimarães será, então, a próxima paragem. Preparado para brilhar e fazer história no Castelo. Ele que será o segundo senegalês neste clube, depois de Abdoulaye Ba, defesa-central que somou apenas 13 jogos com a camisola vimaranense em 2013/2014. Alioune Ndoye engrossará esta lista, sendo um senegalês feito de gelo que deseja aquecer o coração dos apaixonados (e exigentes) adeptos vitorianos. Com golos. Muitos golos.

Dieu Michel não fica e pode rodar na Liga 2

Se uns entram, como será o caso de Alioune Ndoye, outros seguem rumo inverso. E um desses casos será mesmo o de Dieu Michel, avançado angolano (também com nacionalidade canadiana), que não entra nas contas do plantel orientado por Luís Pinto e tem ainda o futuro por definir. Ao que A BOLA apurou, de resto, a saída poderá acontecer a título definitivo — colocando um ponto final na ligação de três épocas com os minhotos — ou mesmo através de uma cedência, o que, por esta altura, estará mais perto de acontecer, pois existem alguns emblemas nacionais, nomeadamente da Liga 2, que estão atentas ao avançado que contabilizou oito golos em 27 jogos na última temporada (divididos entre os bês e a equipa principal).

Um processo que será resolvido durante os próximos dias, pois Dieu Michel quer ter o seu futuro definido o quanto antes. Além do avançado, outros nomes há que não têm ainda permanência confirmada em Guimarães, pois são jogadores com mercado e, por isso, muito desejados, casos de Toni Borevkovic e de Tiago Silva.