"A Polícia Federal e a Marinha estão a preparar-se para agir", disse Mourão, em declarações aos jornalistas em Brasília.

"A Marinha tem de verificar qual é a questão, quem está ali na legalidade, qual é a embarcação legal. E o pessoal que está na ilegalidade vai ter a embarcação apreendida", completou.

O Ministério Público Federal brasileiro, por sua vez, exigiu na quarta-feira "a adoção urgente de medidas repressivas coordenadas" para desalojar os mineradores.

Imagens divulgadas pela Greenpeace e pelos 'media' locais mostram várias fileiras de barcos alinhados lado a lado, ocupando quase toda a largura do rio Madeira.

Estimativas indicam haver no local pelo menos 300 embarcações de dragagem usadas para retirar ouro ilegalmente do rio, mas a Greenpeace acredita que pode haver muitas mais.

A extração ilegal de ouro já é bastante difundida na região, mas a ONG observou um movimento "atípico" de escala sem precedentes, a cerca de 100 quilómetros de Manaus, a maior metrópole da Amazónia brasileira, após rumores de descobertas de grandes quantidades de ouro.

A Greenpeace denunciou num comunicado que as imagens comprovam que os mineradores circulam "sem qualquer tipo de incómodo ou discrição, explorando ouro de maneira ilegal sem que as autoridades tomem providências".

Mensagens de voz atribuídas aos mineradores publicadas pelo jornal O Estado de S.Paulo mostram que eles já têm conhecimento da operação policial que está a ser preparada.

"Vai sair um comboio de Manaus", disse um deles. Outro cita a ideia de construir "uma grande barragem" alinhando os barcos para bloquear o acesso da polícia.

Segundo um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em parceria com o Ministério Público Federal, apenas 34% das 174 toneladas de ouro mineradas no Brasil em 2019 e 2020 têm origem legal certificada.

O Governo liderado pelo Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, tem sido acusado por ambientalistas de interferir em órgãos públicos de proteção ao meio ambiente e de privá-los de recursos humanos e financeiros.

Desde que assumiu o poder em janeiro de 2019, a desflorestação, causada principalmente por atividades ilegais de mineração e agricultura, aumentou drasticamente na Amazónia brasileira.

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