"Não podemos aceitar a ideia, hoje muito popular, sobre [a adesão da Ucrânia à] UE dentro de 30 anos e [à] NATO dentro de cinco décadas. Isso desmotiva e paralisa toda a gente", declarou o chefe de Estado perante o corpo diplomático ucraniano.

A Ucrânia deseja "obter a entrada na UE nos próximos anos e um calendário de adesão à NATO" em 2022, prosseguiu o governante durante a reunião, que decorreu na zona oeste do território ucraniano.

Apontado como um dos países mais pobres da Europa, esta ex-república soviética com cerca de 40 milhões de habitantes exige desde há vários anos a sua integração na UE e na NATO, que apoiam Kiev face ao seu conflito com a Rússia, mas têm excluído qualquer adesão a curto prazo.

Um alargamento da NATO a ex-repúblicas soviéticas (apesar da integração na Aliança Atlântica dos três países bálticos Estónia, Lituânia e Letónia) constitui uma "linha vermelha" para a Rússia, que considera os ocidentais seus rivais estratégicos e remeteu para Washington uma lista de exigências, em particular a proibição de qualquer expansão da Aliança militar em direção ao leste da Europa.

Apesar de a NATO rejeitar de momento a exigência russa sobre a adesão da Ucrânia, não foi fixado qualquer prazo para a eventual integração de Kiev.

Nas últimas semanas, a Ucrânia tem acusado a Rússia de reunir mais de 90.000 soldados na fronteira entre os dois países com o objetivo de atacar o seu território, enquanto Moscovo acusa Kiev de ter concentrado 125.000 militares (metade dos efetivos das suas Forças Armadas) na região do Donbass (leste), junto à linha da frente com os territórios controlados pelos separatistas pró-russos no leste do país.

A Ucrânia é, desde 2014, palco de um conflito entre Kiev e separatistas russófonos que já causou mais de 13.000 mortos e se iniciou após a anexação da península da Crimeia pela Rússia, com Moscovo a negar sistematicamente as acusações de apoio logístico e militar aos territórios do leste.

De acordo com uma sondagem da empresa ucraniana Rating, o início da crise com Moscovo reforçou o apoio dos ucranianos em relação a uma eventual adesão à UE (58%) e à NATO (62%).

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