
O Presidente norte-americano afirmou esta segunda-feira que está disponível para se reunir na Turquia com os homólogos russo e ucraniano, Volodymyr Zelensky, que, após uma nova ronda negocial em Istambul, pediu mais sanções contra Moscovo.
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, indicou hoje que Donald Trump "já disse que está pronto", mas quer que [Vladimir] Putin e Zelensky "se juntem à mesa das negociações".
Questionada sobre a opinião de Trump a propósito dos ataques ucranianos em grande escala no domingo contra aeródromos militares e pontes ferroviárias russas, Leavitt afirmou:
"A sua reação é que esta guerra deve acabar, e tem sido brutal de ambos os lados. Muitas pessoas morreram".
O pronunciamento da Casa Branca surge no dia em que as delegações de Kiev e Moscovo realizaram uma segunda ronda de negociações e da oferta do Presidente turco, para acolher em Istambul ou Ancara no final de junho uma reunião tripartida de alto nível com Trump, Putin e Zelensky.
Após o encontro das delegações russa e ucraniana em Istambul, que não resultou num cessar-fogo duradouro, o Presidente da Ucrânia pediu a Donald Trump que adote mais sanções contra a Rússia para a levar a aceitar a suspensão dos combates, e não apenas uma "breve pausa" temporária.
"Esperamos realmente que Trump tome medidas enérgicas. Esperamos que apoie sanções para forçar a Rússia a terminar a guerra, ou pelo menos avançar para a primeira fase, que é um cessar-fogo", declarou Zelensky em conferência de imprensa.
O líder ucraniano disse também apoiar a oferta do homólogo turco para uma cimeira tripartida, no seguimento do que já tinham avançado os enviados ucranianos a Istambul.
"Tenho a impressão de que não haverá cessar-fogo sem que nos encontremos", comentou.
A ronda segunda negocial terminou com uma proposta de Moscovo de uma trégua de dois a três dias em setores específicos da linha da frente para recuperar corpos de soldados caídos em combate.
À semelhança do primeiro encontro, em 16 de maio também na cidade turca, as delegações de Kiev e de Moscovo concordaram com uma troca de prisioneiros, agora alargada a todos aqueles que estão abaixo dos 25 anos, bem como de doentes e gravemente feridos.
Zelensky disse esperar recuperar pelo menos 1.200 prisioneiros de guerra, referindo que os jornalistas e presos políticos detidos na Rússia também podem ser incluídos.
A delegação russa, chefiada por Vladimir Medinski, anunciou também que pretende entregar os corpos de seis mil ucranianos que mantém em sua posse.
Zelensky abordou ainda a reivindicação da Ucrânia para que a Rússia devolva pelo menos 339 crianças ucranianas deportadas para a Rússia, reiterando que foram roubadas.
"Dissemos-lhes que roubaram 20 mil crianças. E disseram-nos que não roubaram 20 mil. No máximo, algumas centenas. Acho isso relevante. Não o número, mas o simples facto de admitirem que roubaram crianças", disse o Presidente ucraniano, contrariando as palavras do negociador russo.
Medinski alegou que "não há uma única criança roubada, há crianças que foram salvas e retiradas das zonas de combate".
Este dossiê das crianças ucranianas levou a que o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitisse em março de 2023 mandados de captura contra o Presidente russo, Vladimir Putin, e contra a comissária dos Direitos da Criança, Maria Lvova-Belova.
Rússia mantém exigências para cessar-fogo
Segundo um memorando transmitido à parte ucraniana, a Rússia mantém as exigências para um acordo de paz.
Moscovo pretende que Kiev reconheça a anexação da Península da Crimeia e de outras quatro regiões (Donetsk, Lugansk, Zaporijia e Kherson) que a Rússia ocupa parcialmente, e a retirada das forças ucranianas destes territórios antes de um cessar-fogo
O documento, divulgado pelas agências de notícias russas, exige também que a Ucrânia renuncie à adesão à NATO e a planos de militarização.
Todas estas exigências têm sido repetidamente rejeitadas por Kiev.