
Diogo Pacheco de Amorim admitiu, esta quarta-feira, a possibilidade de “dois ou três deputados” do Chega terem inviabilizado a sua eleição como vice-presidente da Assembleia da República (AR).
Em declarações à Rádio Observador, Pacheco de Amorim admite que tanto ele como o presidente do partido, André Ventura, ficaram “francamente surpreendidos” com o resultado da votação, dado que “tinha havido um acordo com os restantes grupos parlamentares”.
"É muito difícil dizer. Não afasto que dois ou três deputados do meu partido possam não ter votado em mim. Serem sete ou oito é impensável", afirmou.
A versão defendida pelo candidato do Chega a ‘vice’ da AR vai de encontro à tese defendida por Ventura de que AD e PS tinham feito um “cordão sanitário” ao Chega para impossibilitar a eleição de Pacheco de Amorim, por apenas um voto (precisava de 116).
"No novo quadro parlamentar, fizemos um esforço (…) para que a Assembleia da República tivesse órgãos a funcionar no primeiro dia. Houve um entendimento alargado e pensei que esse entendimento fosse estendido às três principais forças representadas no Parlamento. (…) Mas o que se passou foi um espetáculo deprimente e uma nova traição feita pelas costas. Foi uma traição rasteira. Uma tentativa de cordão sanitário ao segundo partido, o que não se entende", afirmou Ventura.
Além de Pacheco de Amorim, também Filipe Melo falhou, por três votos, a eleição para vice-secretário do Parlamento.
Gabriel Mithá Ribeiro foi o único candidato do Chega a ser eleito, tendo sido reconduzido como secretário da Mesa da Assembleia da República.
PSD e IL apontam o dedo ao Chega
O líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, garantiu, na terça-feira, que não foi o PSD a impossibilitar a eleição de Diogo Pacheco de Amorim para vice-presidente da AR.
O secretário-geral social-democrata defendeu, em entrevista à CNN Portugal, que foi o Chega a inviabilizar a eleição do deputado.
"Estou absolutamente convencido de que os deputados do PSD cumpriram o que lhes foi pedido pela direção do grupo parlamentar", reiterou Hugo Soares.
Na rede social X, o vice-presidente da Iniciativa Liberal (IL) Ricardo Pais Oliveira também responsabilizou o partido de André Ventura pelo resultado insuficiente de Pacheco de Amorim.
"Obviamente que foram os próprios deputados do Chega a contribuir para não elegerem Diogo Pacheco de Amorim (que tem muitas resistências lá dentro) e Filipe Melo (sem dúvida o deputado mais indecoroso do hemiciclo). Quem anda pelos corredores da AR sabe como no Chega eles contam tudo uns sobre os outros a atacarem-se uns aos outros, todos os dias a toda a hora", escreveu Pais Oliveira.
Falhadas as eleições de Pacheco de Amorim e Filipe Melo, o líder do Chega - que reúne hoje o grupo parlamentar - adiantou ontem que o partido irá apresentar novas candidaturas aos cargos de vice-presidente e vice-secretário da AR.