Outras zonas do país sofrem com fenómenos severos de chuva e inundações, acrescentou.

O sul de Moçambique e partes do sul das províncias de Tete, Manica e Sofala "estão a enfrentar uma seca combinada com temperaturas anormalmente altas", indicou no último relatório sobre a segurança alimentar no país da Rede de Sistemas de Alerta Antecipado de Fome (rede Fews, na sigla inglesa), que agrega organizações norte-americanas.

Chuvas insuficientes e erráticas estão a levar a múltiplas tentativas de plantação perdidas pelas famílias, sendo que a maioria dos 28 milhões de moçambicanos vive de agricultura de subsistência.

"As últimas culturas plantadas ainda estão entre as fases de germinação e é pouco provável que atinjam a maturidade, mesmo com a melhoria da pluviosidade", acrescentou a rede.

Assim, prevê-se que a produção "fique abaixo da média nas áreas do sul pela terceira estação consecutiva, com algumas áreas enfrentando a perda total da safra", sublinhou.

Há situações meteorológicas opostas a acontecer em simultâneo em Moçambique, um país com cerca de dois mil quilómetros extensão, de nordeste a sudoeste.

O sul enfrenta uma seca prolongada, mas nalgumas áreas afetadas pelos ciclones de 2019, em Sofala, Zambézia e partes de Manica, há fenómenos severos, incluindo chuvas fortes e inundações, trovoadas, tempestades de granizo e ventos fortes.

"Isto pode resultar numa fase agrícola improdutiva maior até que se consiga colher do plantio pós-inundação, mais tarde do que o habitual", notou o documento.

Até 28 de janeiro, quase 68.000 pessoas foram afetadas pelas intempéries associadas à época das chuvas, de outubro a abril, com a morte de 45 pessoas e danos em infraestruturas, incluindo mais de três mil casas, pontes, escolas, centros de saúde e redes elétricas.

As inundações também submergiram áreas cultivadas, particularmente nas zonas de planície, que podem requerer plantação em recessão hídrica para a segunda estação.

Zonas afetadas por ataques armados em Cabo Delgado (norte) e áreas com baixos níveis de assistência em Tete (centro) enfrentam uma crise alimentar e são as mais preocupantes em Moçambique, apontou o relatório.

A rede FEWS Net foi criada pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) em 1985 para apoio à tomada de decisões na gestão de apoio humanitário.

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