
Em declarações à agência Lusa, o diretor provincial de Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos em Cabo Delgado, Venâncio Taimo, disse que foi necessário realizar mais um corte num desvio alternativo na estrada onde uma ponte desabou, dificultando ainda mais a assistência às populações.
"Voltámos a registar mais um corte na mesma estrada. A água do rio Messalo galgou e arrastou consigo um dos desvios", disse o responsável.
Segundo a fonte, a interrupção da estrada ocorreu no limite entre os distritos de Macomia e Muidumbe, num desvio alternativo que havia sido criado para facilitar a assistência às populações e os trabalhos de reaposição de infraestruturas.
A travessia sobre o rio Montepuez está a ser feita por embarcações, na sequência do desabamento, no sábado, de uma ponte que deixou o norte da província isolado.
O Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), citada hoje pelo diário Notícias, garantiu que em dez dias vão ser disponibilizados meios aéreos para apoiar a assistência às pessoas afetadas.
O mau tempo prevalece em Cabo Delgado e já provocou a morte de pelo menos cinco pessoas, afetando outras 8.600, segundo o INGC.
Há registo de mais de 1.700 casas afetadas, assim como 59 postos de energia e quatro casas de culto.
O Governo moçambicano emitiu um alerta laranja para todas as províncias do país, como forma de dar celeridade à mobilização de recursos para a assistência a vítimas e à reposição de danos, tendo em conta que a época chuvosa no país só termina em abril.
Além de Cabo Delgado, o mau tempo atingiu uma parte de Nampula, mas em regime fraco e moderado, indicou à Lusa o delegado do INGC naquela província, Alberto Armando.
Em abril deste ano, alguns pontos da província de Cabo Delgado foram atingidos pelo ciclone Kenneth, que causou a morte a 45 pessoas e afetou outras 250 mil.
Um mês antes da passagem do Kenneth, o centro de Moçambique foi devastado pelo ciclone Idai, que provocou mais de 600 mortos e afetou cerca de 1,5 milhões de pessoas no centro do país, além de destruir várias infraestruturas.
Entre os meses de novembro e abril, Moçambique é ciclicamente atingido por ventos ciclónicos oriundos do Índico e por cheias com origem nas bacias hidrográficas da África Austral.
No total, 714 pessoas morreram durante o período chuvoso em 2018/2019, incluindo 648 vítimas dos ciclones Idai e Kenneth.
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