"Os sindicatos por um lado têm a sua razão, é preciso o Governo assumir as suas responsabilidades, mas também é preciso os sindicatos entenderem que o país está com dificuldades e que não é só a Guiné-Bissau, é o mundo inteiro", afirmou Nuno Gomes Nabiam.

O primeiro-ministro guineense falava no final de uma reunião com os representantes das duas centrais sindicais da Guiné-Bissau.

"Estamos confrontados com a covid-19, a nossa economia não está bem e é preciso haver flexibilidade por parte dos sindicatos. Mas se os sindicatos precisam de ter flexibilidade, também nós, que somos governantes, temos de assumir as nossas responsabilidades", salientou o primeiro-ministro.

Nuno Gomes Nabiam disse também que os sindicatos têm razão em muitas exigências que estão a fazer e que como primeiro-ministro tem de "fazer o que é bom para o país e para todos".

"Vamos criar uma comissão que vai negociar com os sindicatos sobre o pedido de greve. Temos de dizer aos nossos sindicatos o que é realizável", afirmou, salientando que há um problema grave na Função Pública do país.

Segundo o primeiro-ministro, mais de 60% das receitas do Estado, que caíram cerca de 28% desde o início da pandemia, são para pagar ordenados na Função Pública.

"É preciso fazer as reformas, mas a reforma tem de envolver os parceiros sociais. Só com a participação de toda a gente é que conseguimos criar uma base sólida para fazer reformas, mas sem criarmos outro problema social", afirmou o primeiro-ministro.

A União Nacional dos Trabalhadores da Guiné-Bissau, maior central sindical do país, convocou uma greve geral da função pública para o período entre 09 e 13 de novembro.

A Federação dos Transportes Públicos da Guiné-Bissau anunciou também uma paralisação para o período entre 16 e 20 deste mês e o Sindicato Nacional de Enfermeiros, Técnicos de Saúde e Afins iniciou na segunda-feira uma greve de 30 dias para reivindicar pagamentos em atraso.

Segundo o ministro das Finanças da Guiné-Bissau, o crescimento económico do país em 2020 vai ser de -2,9% e as receitas internas caíram 28%.

João Fadiá explicou que o recuo do crescimento económico e das receitas internas ocorreu devido à pandemia provocada pelo novo coronavírus e que aconteceu em todo o mundo.

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