Segundo Carlos Silva, São Tomé e Príncipe registou "uma ocorrência inédita de origem natural, que segundo comentários da população e do Instituo Nacional de Meteorologia não se verificavam há 30 anos" e, por isso, "as instituições de resposta, de gestão e de coordenação e de monitorização foram quase todos apanhados de surpresa".

O responsável do Comprec, que falava após uma reunião como o Governo, salientou que "sobretudo pela magnitude do evento" este "causou destroços e males pela ilha de São Tomé até este momento".

Mas salvaguardou que na ilha do Príncipe "não contam qualquer registo de danos, não obstante ter chovido da mesma forma como em São Tomé".

Carlos Silva garantiu, no entanto, que apesar da surpresa, "os serviços de resposta em uma só frente começaram a dar a resposta para a recuperação".

Ainda assim, salientou: "Tivemos duas perdas de vida, o que também é inédito em ocorrências desse tipo".

Por isso, houve a reunião do comité de crise, na qual participou, para avaliação da situação e em que se determinaram as ações a seguir para "minimizar o sofrimento da população e resolver o problema das populações, sobretudo daquelas que neste momento se encontram sitiadas, onde as pontes colapsaram, onde casas foram arrastadas, bens foram também arrastados".

"Como se pode ver, neste teatro de operações são múltiplas as ocorrências e também as consequências", sublinhou.

A presidência da equipa técnica para avaliação de danos junto do comité de crise "apenas apresentou danos e algumas propostas, que deverão ser tomadas em consideração, e o Governo, pela ação solidária manifestada junto do relatório síntese que foi apresentado, manifestou todo o empenho", assegurou.

Porém, independentemente das decisões do executivo, "as diligências operacionais já estão em curso, e o serviço Nacional de Proteção Civil tem vindo a trabalhar sem qualquer impedimento, apesar da limitação de meios que tem, algumas empresas de construção civil já foram mobilizadas e estão empenhadas no terreno, a Polícia Nacional tem ajudado na coordenação no controlo rodoviário e outras", realçou.

Carlos Silva anunciou que as autoridades de saúde também passarão a estar integradas nas operações, porque após as inundações poderão surgir doenças "como a cólera".

"Então propomos a criação de uma equipa multissetorial, que se reunirá esta tarde com o secretário de Estado das Obras Públicas para decidir ao certo o que se fará, em função daquilo que for o fruto da avaliação no terreno", revelou.

Pelo menos duas crianças morreram na ilha de São Tomé, na sequência de inundações causadas por chuvas intensas que começaram na terça-feira, e que provocaram também prejuízos avultados, disseram hoje à Lusa responsáveis são-tomenses.

"Infelizmente, temos duas vítimas mortais a lamentar", afirmou hoje o comissário da Proteção Civil, Edson Bragança, acrescentando: "São duas crianças, uma com 10 anos e outra de 1 um ano e pouco", explicando que um dos corpos ainda não foi encontrado, porque foi arrastado pelas águas.

Uma das crianças era da zona norte do país e a outra vivia na capital, São Tomé, explicou.

O responsável, que falou à Lusa pela 11:30 locais (mesma hora em Lisboa), assegurou que não havia, até ao momento, registo de feridos graves.

Segundo o comissário, houve 12 inundações em várias localidades do país, incluindo na capital, São Tomé, embora a zona mais afetada seja a do norte, e há três pontes destruídas e estradas cortadas por causa do deslizamento de terras.

Além disso, a situação continua a "ser preocupante", na opinião de Edson Bragança, porque as chuvas não param.

Fonte do Governo adiantou à Lusa que as autoridades estão no terreno a recolher informação sobre o ocorrido, mas referiu que as cheias causaram "prejuízos avultados".

O Conselho de Ministros marcou uma reunião extraordinária para avaliar a situação, acrescentou a mesma fonte.

De acordo com Edson Bragança, "alguns rios galgaram o terreno e inundaram partes dessas zonas e da capital", apontou.

"Em consequência destas inundações tivemos também a queda de três pontes, a ponte Paga Fogo, Ponte de Brigoma e de Lembá", tudo na zona norte do país, distrito de Lembá, a mais afetada, sublinhou o responsável da Proteção Civil.

Na capital, as inundações afetaram mais "lojas e bairros circundantes", referiu, garantindo que "as equipas da Proteção Civil e do Governo estão neste momento no terreno de modo a conter essa mesma inundação".

Já na parte norte do país, os vários deslizamentos de terras provocaram o corte de algumas estradas.

Assim, "da Lagoa Azul, até à capital [do distrito], Neves, a estrada está a fazer-se só num sentido".

De Neves para Santa Catarina, na zona de Diogo Vaz, "a estrada está mesmo impedida por deslizamentos de terra", revelou.

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