Uma reunião entre os presidentes russo, Vladimir Putin, norte-americano, Donald Trump, e ucraniano, proposta por Volodymyr Zelensky, só será possível após "acordos concretos" entre a Rússia e a Ucrânia, advertiu hoje o Kremlin.

"Uma reunião deste tipo deve ser o resultado de acordos concretos entre as duas delegações" da Rússia e da Ucrânia, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, na tradicional conferência de imprensa diária.

Hoje, Zelensky, propôs a realização de uma reunião trilateral com os homólogos norte-americano e russo, apelando ao mesmo tempo a novas sanções contra Moscovo.

Segundo o chefe de Estado ucraniano, a proposta pretende fazer avançar as conversações de paz sobre a guerra na Ucrânia.

"Estamos prontos para o formato 'Trump-Putin-me' [Volodymyr Zelensky]", disse o presidente ucraniano numa conferência de imprensa que foi gravada na terça-feira e transmitida hoje.

Na mesma declaração, Zelensky acrescentou que está disposto a alargar o formato da reunião, com a participação dos Estados Unidos, porque o chefe de Estado russo não se sente confortável com uma reunião bilateral.

Por outro lado, Zelensky disse que espera mais sanções por parte dos Estados Unidos contra a Rússia, visando especialmente os setores energético e bancário.

Para Zelensky, as sanções devem ser aplicadas porque Moscovo "ainda não" aceitou a proposta de cessar-fogo.

Segundo o Presidente da Ucrânia, Kiev ainda não recebeu de Moscovo o memorando referido na semana passada pela Rússia e que deveria definir as condições russas para um acordo de paz duradouro, após três anos de invasão.

Zelensky frisou que o documento russo tem de ser enviado a Kiev assim que a troca de prisioneiros, que está a ser negociada, estiver concluída.

Afirmou ainda que Moscovo reuniu mais de 50 mil soldados perto da região ucraniana de Sumi (nordeste).

Segundo Zelensky, trata-se da preparação de uma "possível ofensiva" contra o território fronteiriço onde Moscovo pretende criar "uma zona tampão" para evitar incursões das forças de Kiev.

O chefe de Estado da Ucrânia acusou diretamente a Rússia de querer "empurrar" as tropas ucranianas e preparar a ofensiva na região de Sumi.

Já este mês, a Rússia e a Ucrânia realizaram conversações em Istambul, mas não se conseguiram verdadeiros avanços. Está prevista uma segunda ronda de conversações, mas ainda não foi confirmada.

Trump insiste que quer pôr fim ao ataque em grande escala da Rússia à Ucrânia o mais rapidamente possível e tem alternado entre sinais de aproximação e de irritação com Putin, ao mesmo tempo que tece duras críticas a Zelensky.

Nos últimos dias, após os ataques aéreos maciços contra a Ucrânia, endureceu o tom contra Moscovo, afirmando que o Presidente russo tinha ficado "completamente louco".

Terça-feira, Peskov recusou-se a comentar estas últimas declarações e agradeceu a Trump os "esforços de mediação", avisando, contudo, que a Rússia tem de proteger "os seus próprios interesses".