"Vamos chamar desde o senhor secretário de Estado da Digitalização e da Modernização Administrativa, seja o Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA), seja o diretor geral do Gabinete de Segurança Nacional, entre outras entidades, vamos chamá-las ao parlamento para as ouvir nesta sede", adiantou o deputado Joaquim Pinto Moreira, vice-presidente do grupo parlamentar do PSD.

O social-democrata falava aos jornalistas no parlamento após a audição requerida potestivamente pelo PSD com a ministra da Defesa, Helena Carreiras, que decorreu à porta fechada, sobre o ciberataque que levou à exfiltração de documentos classificados da NATO.

Sem adiantar pormenores sobre a audição, o deputado manifestou preocupação, dizendo que os deputados do PSD não saíram da comissão de Defesa "mais esclarecidos" mas sim "mais preocupados".

"As respostas, mesmo aquelas relativamente às quais a senhora ministra poderia ser mais aberta, foi extraordinariamente evasiva. Limitou-se a dizer o que já tinha dito na audição regimental à porta aberta sobre a capacitação, os recursos humanos, os investimentos, aquilo que foi feito e aquilo que se propõe eventualmente faze", disse.

Questionado sobre o facto de o PS ter chumbado no mês passado a audição das várias entidades que o PSD queria chamar ao parlamento sobre este tema -- tendo os sociais-democratas usado o direito potestativo (ou seja, obrigatório) para chamar a ministra -- Joaquim Pinto Moreira respondeu que o PS "não tem condições políticas" para voltar a chumbar um novo requerimento.

"Haverá seguramente, no nosso entendimento, uma maior abertura do PS até porque a própria senhora ministra, isto posso divulgar, aventou a hipótese da Assembleia da República discutir estas questões da cibersegurança e ciberdefesa. Parece-nos claramente que desta vez não haverá condições políticas para o PS inviabilizar este conjunto de iniciativas, até porque a ministra o sugeriu na reunião", salientou.

O Ministério Público abriu no passado dia 13 de setembro um inquérito ligado ao ciberataque contra o Estado-Maior-General das Forças Armadas em que documentos classificados da NATO foram extraídos e colocados à venda na 'darkWeb'.

Segundo uma notícia veiculada no início do mês de setembro pelo Diário de Notícias, o Governo português foi informado da situação pelos serviços de informações norte-americanos, por intermédio da embaixada em Lisboa, através de uma comunicação que terá sido feita diretamente ao primeiro-ministro, António Costa, em agosto passado.

O mesmo jornal mencionou que este caso é considerado de "extrema gravidade" e terão sido os ciberespiões norte-americanos a detetar "à venda na 'darkweb' centenas de documentos enviados pela NATO a Portugal, classificados como secretos e confidenciais".

Em 28 de setembro, o DN voltou a noticiar um segundo ciberataque à rede do EMGFA , "existindo a possibilidade de extradição de documentos e relatórios".

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