Tsai apresentou uma medalha destinada a Jaroslav Kubera, o antecessor entretanto falecido do atual presidente do Senado checo, Milos Vystrcil.
Kubera morreu em janeiro passado e Vystrcil disse que a pressão da China, incluindo um aviso da embaixada chinesa contra a decisão de parabenizar a Presidente de Taiwan pela sua reeleição, contribuiu para a decisão de viajar para a ilha.
Tsai chamou Kubera de "grande amigo" e acenou com a cabeça durante o discurso de Vystrcil, na terça-feira, no parlamento de Taiwan, lembrando que as suas palavras - "Sou um taiwanês" - tocaram muitos corações.
"As nossas ações estão a dizer aos amigos na Europa e em todo o mundo, sejam taiwaneses ou checos, que não sucumbiremos à opressão, falaremos com coragem, participaremos ativamente nos assuntos internacionais e contribuiremos com as nossas capacidades", disse Tsai.
Pequim já reagiu à visita da delegação checa: o ministério dos Negócios Estrangeiros da China convocou o embaixador da República Checa para apresentar os protestos oficiais e disse que a viagem representou um "apoio flagrante à independência de Taiwan".
China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, altura em que o antigo Governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, após a derrota na guerra civil frente aos comunistas.
A ilha funciona como uma entidade política soberana, apesar de o regime chinês considerar que está sob a sua soberania. Pequim condena qualquer contacto oficial entre a ilha, de 23 milhões de habitantes, e autoridades estrangeiras.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, disse na terça-feira que a visita de Vystrcil é uma "provocação aberta".
As tensões entre a República Checa e a China começaram no ano passado, na sequência de uma disputa entre as autoridades locais de Pequim e Praga.
As duas capitais romperam as relações entre cidades geminadas depois de a China se recusar a retirar a linguagem do acordo que ditava que o governo da cidade apoiasse o "princípio de 'uma China'", que define Taiwan como parte da República Popular da China.
No seu discurso, na terça-feira, Milos Vystrcil invocou a memória do ex-Presidente dos Estados Unidos John F. Kennedy, que durante a Guerra Fria, em 1963, afirmou em alemão "Ich bien ein Berliner" ("Eu sou um berlinense", em português) aos residentes da parte ocidental de Berlim, então preocupados com a ameaça do bloco soviético.
Kennedy "usou a frase para mostrar o seu apoio ao povo de Berlim e aos valores mais elevados da liberdade", disse Vystrcil.
"Talvez eu possa ser mais humilde, mas permitam-me usar a mesma frase para concluir o meu discurso no parlamento do vosso país", acrescentou.
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