"Preocupa-nos também o facto de nesta saga de distorção da realidade e da divulgação de irrealidades estarem a ser utilizados alguns órgãos de informação, que ao invés de se pautarem pelo profissionalismo, acabam deliberada ou inocentemente por agir em vantagem dos inimigos", afirmou Filipe Nyusi, sem especificar quais.

O chefe de Estado moçambicano falava na abertura do 21.º Conselho Coordenador do Ministério da Defesa Nacional, que se iniciou hoje na capital moçambicana.

Filipe Nyusi assinalou que as informações difundidas nas redes sociais e por "alguns órgãos de informação" resultam de "factos inventados" e visam a "manipulação da opinião pública".

"Lamentamos, por um lado, a tendência crescente de desinformação e a tentativa de manipulação da opinião pública, recorrendo à mediatização e à invenção de factos e a sua difusão, fazendo uso de plataformas de redes sociais", sublinhou o Presidente moçambicano.

Filipe Nyusi acusou igualmente membros das FDS de estarem ao serviço dos "terroristas e malfeitores" que atacam o país, defendendo "a expurgação" desses elementos.

O chefe de Estado moçambicano apelou ao Ministério da Defesa Nacional para o reforço da capacidade operativa das FDS, para que estejam à altura da defesa da soberania e integridade territorial do país.

"Recomendamos ao Ministério da Defesa Nacional e ao Estado-Maior General para prouverem meios operativos e condições logísticas às tropas", salientou Filipe Nyusi.

Por outro lado, continuou, deve ser assegurado o pagamento atempado da remuneração e regalias a que os membros das FDS têm direito.

A violência armada em Cabo Delgado, norte de Moçambique, está a provocar uma crise humanitária com cerca de duas mil mortes e 500 mil pessoas deslocadas, sem habitação, nem alimentos, concentrando-se sobretudo na capital provincial, Pemba.

A província onde avança o maior investimento privado de África, para exploração de gás natural, está desde há três anos sob ataque de insurgentes e algumas das incursões passaram a ser reivindicadas pelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico desde 2019.

Por outro lado, as províncias de Sofala e Manica, centro do país, são palco de ataques da autoproclamada Junta Militar, uma dissidência armada da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição.

A junta é acusada de ter provocado a morte de, pelo menos, 30 pessoas na região desde agosto de 2019.

O grupo rejeita a liderança do presidente da Renamo, Ossufo Momade, acusando-o de trair as posições do seu antecessor Afonso Dhlakama nas negociações que levaram à assinatura do Acordo de Paz e Reconciliação Nacional, em 06 de agosto.

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