Em comunicado divulgado pela Polícia Federal brasileira a operação, nomeada 'Terra Desolada', contou com apoio de 200 agentes que participaram do cumprimento de 62 mandados de busca e 12 ordens de prisão preventiva expedidos por um tribunal federal com base em investigações iniciadas em 2020 que incluem mineradores, intermediários e empresas compradoras.

A Justiça brasileira determinou ainda o bloqueio e indisponibilidade de valores em aproximadamente 500 milhões de reais (77,4 milhões de euros), nas contas dos investigados, a apreensão com bloqueio de cinco aeronaves, suspensão da atividade económica de 12 empresas, apreensão com bloqueio de bens imóveis de 47 pessoas e empresas e apreensão com bloqueio de outros 14 bens móveis.

As investigações tiveram início em 2020 e apontam que a organização criminosa atua em três níveis diversos.

O primeiro nível, segundo as autoridades brasileiras, refere-se aos mineradores que extraem o ouro ilegalmente e vendem o ouro para os intermediários que estão no segundo nível.

Os intermediários, por sua vez, revendem o ouro para grandes empresas, que estão no terceiro nível, para no fim comercializar o minério no mercado nacional, ou então destiná-lo para exportação.

"Durante a investigação, foi constatado que sai das terras indígenas do sul do Pará aproximadamente uma tonelada de ouro extraído de forma ilegal, todos os anos", destacou a polícia brasileira no comunicado.

"No curso da investigação, foi identificada a existência de garimpo [mineração] ativo em áreas particulares, que serão objeto de busca e apreensão em ação conjunta com o Ministério Público do Trabalho, locais em que há suspeita de se ter trabalhadores em condições análogas à de escravo", acrescentou.

Os mineiros têm aumentado as invasões em terras indígenas do Brasil desde o início do Governo do Presidente, Jair Bolsonaro, que apresentou um projeto de lei para legalizar a mineração nas reservas indígenas.

Segundo a polícia brasileira, a mineração ilegal na Amazónia causa sérios danos ao meio ambiente através do uso de produtos altamente nocivos que poluem os rios e gera uma série de problemas sociais e conflitos entre índios e mineradores.

A mineração ilegal também é uma das principais causas do desflorestamento na maior floresta tropical do planeta, que atingiu níveis recorde desde a posse de Bolsonaro.

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