O PAM tem estado a distribuir quantidade reduzida de alimentos desde abril de 2022, passando a assistir a população com base no grau de vulnerabilidade em pelo menos quatro distritos de Cabo Delgado, refere-se num relatório do PAM, citado hoje pelo diário Notícias.

"A insegurança alimentar aguda tem aumentado nos últimos anos na região norte à medida que o conflito e os deslocamentos recorrentes, somados a choques climáticos e económicos, continuam a perturbar as atividades agrícolas e o poder de compra das comunidades", refere a organização.

Em coordenação com as autoridades locais, o PAM pretende, de forma gradual, alargar a assistência por critério de vulnerabilidade para mais cinco distritos da província.

Em fevereiro, o PAM suspendeu a ajuda de emergência a mais de um milhão de pessoas afetadas pela violência armada no norte de Moçambique também devido à falta de fundos.

A organização referiu ainda que ofereceu cursos a 1.368 pessoas para estimular o autoemprego, notando que pelo menos 690.400 pessoas enfrentam níveis de insegurança alimentar de crise conforme a avaliação da Classificação Integrada da Fase de Segurança Alimentar.

O PAM referiu ainda que está a trabalhar em coordenação com o instituto moçambicano de gestão de desastres para ativação e implementação de planos de mitigação face ao risco de ocorrência de secas em várias regiões de Moçambique.

A província de Cabo Delgado enfrenta há quase seis anos a insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

No terreno, em Cabo Delgado, combatem o terrorismo -- em ataques que se verificam desde outubro de 2017 e que condicionam o avanço de projetos de produção de gás natural na região - as Forças Armadas de Defesa de Moçambique, desde julho de 2021 com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC).

O conflito no norte de Moçambique já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, enquanto o Presidente moçambicano admitiu esta semana "mais de 2.000" vítimas mortais.

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