
Em conferência de imprensa na cidade da Praia, o secretário-geral do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), Julião Varela, saudou o "ressuscitar" da companhia aérea cabo-verdiana, mas referiu que é feito com um avião alugado e sem tripulação afeta à empresa.
"Depois das peripécias em torno dos negócios nebulosos e atentatórios aos interesses nacionais, feitos com a Icelandair, o mínimo que se exige é que se faça um novo recomeço com base na transparência e que todas as informações sejam disponibilizadas aos contribuintes nacionais", pediu o porta-voz do maior partido da oposição cabo-verdiana.
Para o PAICV, a retoma das operações foi uma decisão "pouco ponderada" e sem acautelar os interesses nacionais, pelo que o partido espera que não tenha efeitos imediatos nos custos dos bilhetes.
"Mas todos precisam saber claramente quais os planos futuros, que custos irão ser assumidos e para quando as soluções duradoiras e estáveis para os destinos onde reside a maioria da diáspora cabo-verdiana", prosseguiu Julião Varela.
O partido questiona o 'timing' da retoma e espera que não seja mais uma "aventura, como das outras vezes, com soluções avulsas sem consistência e rodeada de incertezas".
Entre outras questões, o partido pediu respostas sobre a solução do problema das deslocações domésticas o Plano de Negócios da empresa.
A Cabo Verde Airlines retomou as operações em 27 de dezembro, num voo Lisboa -- Praia, que coincidiu com o 63.º aniversário da companhia aérea cabo-verdiana, que nesta fase está a vender bilhetes apenas através do seu site www.caboverdeairlines.com.
As agências de viagens parceiras estarão brevemente capacitadas para a comercialização dos voos da TACV, Cabo Verde Airlines, nome comercial da companhia.
Na quarta-feira, a transportadora realizou uma assembleia-geral extraordinária, onde a administração apresentou o seu plano de retoma e estabilização para os próximos dois anos, em que prevê voar para mais cinco rotas e aumentar para dois aviões no próximo ano e para três em 2023.
Anteriormente, o Governo tinha apontado a retoma dos Transportes Aéreos de Cabo Verde (TACV), que não operam voos comerciais desde março de 2020, devido à pandemia de covid-19, durante o primeiro trimestre de 2022.
Em março de 2019, o Estado de Cabo Verde vendeu 51% da TACV por 1,3 milhão de euros à Lofleidir Cabo Verde, empresa detida em 70% pela Loftleidir Icelandic EHF (grupo Icelandair, que ficou com 36% da Cabo Verde Airlines -- nome comercial da companhia) e em 30% por empresários islandeses com experiência no setor da aviação (que assumiram os restantes 15% da quota de 51% privatizada).
O Estado cabo-verdiano assumiu em 06 de julho a posição de 51% na TACV, alegando vários incumprimentos na gestão e dissolvendo de imediato os corpos sociais.
Em 26 de novembro, a Loftleidir Cabo Verde anunciou que deu início a um processo arbitral contra o Estado cabo-verdiano alegando "violação dos acordos celebrados entre as partes", face à renacionalização companhia aérea de bandeira TACV.
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