Num comunicado divulgado na sexta-feira, o gabinete da ONU disse esperar que na votação de domingo "sejam garantidos os direitos políticos dos cidadãos e seus representantes, os princípios de transparência, prestação de contas e estado de direito".

A ONU destacou "a tradição democrática do país e a sua solidez institucional, inclusive do sistema eleitoral".

Uma das questões em aberto nestas eleições será o normal decurso da contabilização dos votos, depois de na pré-contagem das legislativas terem sido incorretamente contabilizados dezenas de milhares de votos da coligação de esquerda Pacto Histórico, liderada por Gustavo Petro, algo que foi depois retificado no escrutínio oficial.

Seis candidatos disputam a Presidência da Colômbia, numas eleições em que a esquerda pode beneficiar da mudança exigida pelo país para chegar pela primeira vez ao poder, com Petro favorito em todas as sondagens.

Num país cansado da violência do conflito armado, do tráfico de droga e da criminalidade, da corrupção, da pobreza e da desigualdade que alimentaram a contestação popular de 2019 e 2021, Petro, senador e ex-autarca de Bogotá, encontrou terreno fértil para o seu discurso de mudança.

Desde que arrancou a campanha, Petro, um ex-guerrilheiro do M-19 que concorre pela terceira vez à Presidência da República, lidera as intenções de voto nas sondagens, por ser visto como exterior ao 'establishment' político.

Embora até há alguns dias se considerasse quase certo que iria à segunda volta com Federico "Fico" Gutiérrez, da coligação de direita Equipa pela Colômbia, esse cenário já não parece tão claro.

A corrida presidencial sofreu uma viragem de última hora com a subida nas sondagens do engenheiro Rodolfo Hernández, um populista independente que se aproximou do segundo lugar de Gutiérrez e, portanto, da hipótese de disputar, a 19 de junho, a segunda volta com Petro.

Hernández obteve, além disso, a 20 de maio o apoio da ex-refém da guerrilha das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) Íngrid Betancourt, a única mulher candidata, que decidiu desistir da corrida presidencial devido aos maus resultados nas sondagens e apoiar o engenheiro, por considerar que "é o único que pode derrubar o sistema" de corrupção.

Reformas para prosseguir o crescimento económico e avançar em matéria de direitos, uma polarização sem precedentes no país e descontentamento devido às reivindicações sociais insatisfeitas estão entre os desafios que o próximo chefe de Estado colombiano enfrentará.

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