
O apelo do secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, surge um dia depois de os rebeldes do Movimento 23 de Março (M23) terem acusado o Exército da República Democrática do Congo (RDCongo), contra o qual retomaram a luta em março, de se aliar a uma milícia ruandesa refugiada naquele país e cujos membros participaram no genocídio de 1994.
As tensões entre o Ruanda, que tem uma das mais eficazes forças armadas de África, e a RDCongo, um dos maiores e mais problemáticos países do continente, são antigas, mas acentuaram-se nos últimos meses, com Kinshasa a acusar Kigali de apoiar os rebeldes do M23, desde novembro acusado de realizar ataques contra posições do Exército da RDCongo no Kivu do Norte.
De acordo com um comunicado do porta-voz do secretário da ONU, Farhan Haq, divulgado hoje, o "secretário-geral reafirma o seu apoio aos esforços nacionais e regionais para promover a paz e a estabilidade na RDCongo e na região dos Grandes Lagos".
Guterres também manifestou o apreço pelos esforços do Presidente do Quénia, Uhuru Kenyatta, em prol da paz e segurança na região, bem como o apoio total aos "esforços políticos do Presidente de Angola", João Lourenço, para reduzir as tensões na RDCongo e no Ruanda.
As relações entre a RDCongo e o Ruanda vivem momentos de crise desde a chegada em massa ao leste da RDCongo de hutus ruandeses acusados de terem massacrado os tutsis durante o genocídio do Ruanda de 1994.
Após um período de alguma acalmia diplomática, o conflito voltou a intensificar-se no final do mês passado, quando o Governo de Kinshasa convocou o embaixador ruandês para denunciar o suposto apoio do país ao M23.
Angola tem procurado mediar a tensão entre Ruanda e RDCongo, no âmbito de um mandato atribuído a Luanda pela União Africana na recente cimeira realizada em Malabo.
Em 31 de maio, o Presidente angolano, João Lourenço, abordou com o Presidente Tshisekhedi "questões relativas à crescente tensão" entre a RDCongo e o Ruanda, tendo discutido "vários aspetos que podem contribuir para a resolução pacífica do diferendo entre os dois países".
Na semana passada, o líder angolano transmitiu ao secretário-geral da ONU, António Guterres, preocupação com a situação na relação entre aqueles dois países, "o que justifica a realização, com urgência, da Cimeira de Luanda, entre o mediador Angola" e os respetivos chefes de Estado.
AAT (PD/RCR) // JH
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