"É chegada a hora de Moçambique começar a discutir a estratégia de defesa e segurança de pessoas e bens após a retirada das forças estrangeiras de Cabo Delgado", referiu o CDD numa nota consultada hoje pela Lusa.

A posição da ONG surge a propósito da extensão, por mais três meses, da permanência da Missão Militar da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral em Moçambique (SAMIM, na sigla inglesa), anunciada na quarta-feira pelo Presidente moçambicano, Filipe Nyusi.

O CDD considera que "o extremismo violento não será vencido apenas com a frente militar" e, por isso, "Moçambique deve estudar formas alternativas" para impedir a adesão dos jovens aos grupos insurgentes.

"As tropas da SADC [Comunidade de Desenvolvimento da África Austral] não vão permanecer por longos anos em Cabo Delgado", referiu.

Segundo o chefe de Estado moçambicano, o prolongamento da missão militar que apoia Moçambique na luta contra os rebeldes em Cabo Delgado, norte de Moçambique, vai custar 29,5 milhões de dólares (26 milhões de euros), tendo a maior parte dos líderes regionais que estiveram na cimeira assumido o compromisso de disponibilizar as verbas dentro dos prazos estipulados.

A prorrogação da estadia da SAMIM em Moçambique acontece numa altura em que se registam sinais de alastramento da insurgência para a província do Niassa, vizinha de Cabo Delgado, com ataques esporádicos a pontos recônditos que já provocaram a fuga de cerca de 3.000 pessoas nestes locais, segundos os últimos dados das autoridades.

A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

O conflito já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, de acordo com as autoridades moçambicanas.

Desde julho, uma ofensiva das tropas governamentais com apoio do Ruanda a que se juntou depois a SADC permitiu aumentar a segurança, recuperando várias zonas aos rebeldes, nomeadamente a vila de Mocímboa da Praia, que estava ocupada desde agosto de 2020.

LYN (EYAC) // JH

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