
"O Misa Moçambique pede às autoridades governamentais que intensifiquem ações visando a localização e à restituição de liberdade ao jornalista", lê-se numa nota da organização não-governamental (ONG) distribuída hoje à imprensa.
Ibraimo Abu Mbaruco, da Rádio Comunitária de Palma, em Cabo Delgado, terá sido sequestrado ao final da tarde de dia 07 de abril em circunstâncias por apurar, disseram à Lusa, na altura, familiares e fonte do órgão de comunicação para o qual trabalhava.
Segundo o Misa Moçambique, uma organização de defesa da liberdade de imprensa, pouco antes do seu desaparecimento, Ibraimo terá enviado uma curta mensagem (SMS) a um dos seus colegas de trabalho, informando que estava "cercado por militares" e o que se passou depois é uma incógnita.
As autoridades moçambicanas demarcaram-se da eventual detenção do jornalista, acrescentando que o caso está sob investigação.
"Não temos nenhuma informação [nova], estamos a trabalhar", disse hoje à Lusa o porta-voz da polícia em Cabo Delgado, Augusto Guta.
O Misa escreveu uma carta a Presidência da República de Moçambique, apelando ao chefe de Estado para "acionar mecanismos" que pudessem restituir a liberdade do jornalista.
No dia 24 de abril, durante uma reunião com o Misa sobre o caso, a Presidência moçambicana sugeriu à organização que submetesse o caso à Procuradoria-Geral da República moçambicana.
"O Misa Moçambique lembra que é função do Estado, através do Governo, defender os seus cidadãos", lê-se no documento.
Várias organizações internacionais, incluindo a Amnistia Internacional, a Human Rights Watch e a União Europeia, manifestaram o seu repúdio e pediram às autoridades o esclarecimento do caso.
Cabo Delgado, região onde avançam megaprojetos de extração de gás natural, vê-se a braços com ataques de grupos armados classificados como uma ameaça terrorista e que já mataram pelo menos 500 pessoas nos últimos dois anos e meio.
Em 2019, dois jornalistas locais na região que cobriam o tema, Amade Abubacar e Germano Adriano, foram detidos e maltratados pelas autoridades durante quatro meses, sob acusação de violação de segredos de Estado e incitamento à desordem, num caso contestado pelas Nações Unidas e outras organizações.
A 22 de abril, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, admitiu eventuais "violações involuntárias" dos direitos humanos pelas autoridades em Cabo Delgado.
"Em momentos difíceis como o que atravessamos, somos levados a adotar medidas robustas com vista a defender a nossa soberania e a nossa integridade territorial. Algumas dessas medidas podem involuntariamente propiciar a violação dos direitos humanos", disse Filipe Nyusi.
RYR (EYAC)// JH
Lusa/Fim