No dia 22 de julho de 2011, o extremista de direita acionou uma bomba que matou oito pessoas em Oslo tendo-se depois dirigido para a ilha de Utoya onde matou a tiro 69 jovens que participavam num encontro da juventude do Parido Trabalhista (AUF).

Hoje decorrem em todo o país, onde os sinos tocaram pela manhã em uníssono, cerimónias marcadas por mensagens contra o ódio e que pretendem homenagear as vítimas do ato mais violento cometido no país desde o final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

"Não podemos deixar o ódio sem resposta", disse a primeira-ministra, Erna Solberg, na primeira homenagem oficial que decorreu hoje na capital norueguesa.

Perante familiares das vítimas, Solberg disse que "muito foi feito" nos últimos dez anos em matéria de segurança e na luta contra todas as formas de extremismo.

"Mas, o passo mais importante deve ser 'construído' em cada um de nós, para fortalecermos um baluarte contra a intolerância e os discursos de ódio", disse a primeira-ministra.

Mesmo assim, vários sobreviventes de Utoya referem que uma década após o massacre a Noruega ainda não resolveu "o problema" da extrema-direita.

"O racismo e a extrema-direita ainda estão bem vivos entre nós", acusa Astrid Eide Hoem sobrevivente do massacre da ilha de Utoya, tendo-se depois tornado dirigente do AUF.

"Eles continuam presentes na internet, continuam sentados nas mesas das salas de jantar" disse Astrid Eide Hoem acrescentando que os extremistas continuam a ser "ouvidos".

"Chegou a altura de afirmarmos de uma vez por todas que não aceitamos o racismo e que não aceitamos o ódio", afirmou.

Jens Stoltenberg, atualmente secretário-geral da NATO, e primeiro-ministro da Noruega na altura do massacre deve discursar hoje na catedral de Oslo.

Anders Breivik foi condenado em 2012 a 21 anos de prisão mas a sentença pode vir a ser prolongada indefinidamente sendo que o autor do massacre pode ficar toda a vida na prisão.

Os atos de Breivik foram imitados ao longo dos últimos dez anos, em vários atentados a nível mundial, nomeadamente no ataque contra a mesquita de Christchurch, na Nova Zelândia, em 2019 e que provocaram a morte a 51 pessoas.

"As ideias de extrema-direita que inspiraram o ataque (de 2011) ainda são uma força motriz para os extremistas de direita a nível nacional e internacional", indicaram esta semana os serviços de informações da Noruega (PST).

Na terça-feira passada, dois dias antes da data que assinala o massacre de 2011, um memorial de homenagem à primeira vítima mortal de um ato racista na Noruega após a Segunda Guerra Mundial foi vandalizado.

No monumento em honra de Benjamin Hermansen, assassinado em 2001, foi escrita a frase: "Breivik tinha razão".

De acordo com um estudo publicado recentemente pelo Centro Nacional sobre stress e violência traumática (NKVTS) um terço dos sobreviventes do massacre de Utoya sofrem ainda de problemas graves: stress pós-traumático, angústia, depressão e dores de cabeça.

"É evidente que quando somos alvo de coisas destas jamais voltamos a ser a pessoa que éramos antes. Eu durmo mal e tenho medo. Penso que vou ficar assim para sempre", disse à France Press Astrid Eide Hoem.

Apesar da passagem de uma década, muitos sobreviventes do massacre recebem mensagens e ameaças.

"Eu sei que me tentaram matar por causa das minhas convicções", disse Elin L'Estrange, uma outra sobrevivente do massacre de 2011.

PSP // ANP

Lusa/fim

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